quinta-feira, 4 de novembro de 2010

QUAL A IMPORTÂNCIA DE SE ESTUDAR A CULTURA AFRO-BRASILEIRA.

Que brasileiro pode afirmar com certeza que não tem nenhum antepassado negro em sua família? Pouquíssimos. A presença do negro no Brasil, desde o século, é muito intensa, e dispersa por todas as regiões do Brasil.

Trazidos forçadamente da África para o Brasil pelos portugueses a população negra compõe física e culturalmente a identidade brasileira. Ou seja, o brasileiro é formado pela miscigenação de negros, brancos europeus e indígenas nativos e nossa cultura é um rico mosaico de todas as culturas ligadas a esses grupos étnicos (portugueses, índios, negros de diversas origens da áfrica, italianos, espanhóis, alemães, japoneses, entre outras nações culturais). Da África vieram ao Brasil negros de várias áreas do continente e de muitas culturas, como nagôs, minas e angolas, além de outros.

Os traços culturais destas populações estão presentes hoje em nossa cultura. Nas diversas formas de expressão cultural, na dança, na música, nas artes plásticas, no artesanato, em tudo. Está também, na religião, na culinária, no modo de vestir, enfim, no nosso modo de vida.

Por muito tempo, devido à opressão exercida pela sociedade, culturalmente elitizada pelos membros da elite, supostamente, de origem branca-européia, marginalizamos a cultura afro-brasileira tanto na escola, como em nossa vida. No entanto, de alguns anos para cá estamos revertendo esse quadro, mas ainda há muito a fazer. Devemos repensar nossa concepção de História do Brasil, da Cultura Brasileira, sobre quem são nossos heróis e que formas de manifestações culturais valorizamos.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

ATIVIDADE 7ºC - CAIPIRA.





ORGANIZE UM TEXTO A PARTIR DAS SEGUINTES PERGUNTAS:

  • Onde vive o caipira?
  • Que culturas entraram em contato e deram origem à cultura caipira?

Utilize o texto deste link.

  • Qual a verdadeira marca do caipira?

Utilize o texto a "Marca do Caipira" do blog Cultura Caipira.

  • Qual o significado do termo caipira nos últimos anos?
Utilize o texto "Monteiro Lobato e a invenção dos caipiras".

  • Após ver o vídeo e responder as perguntas propostas conclua seu texto com sua própria opinião: ser caipira é legal?


quarta-feira, 11 de agosto de 2010

11 DE AGOSTO: DIA DO ESTUDANTE.


11 de agosto é comemorado o Dia do Estudante. Por que foi escolhido esse dia?

Bom, primeiro, porque foi em 11 de agosto de 1827 que Dom Pedro I inaugurou os dois primeiros cursos Universitários de Direito no Brasil, em São Paulo e Pernambuco. Em 1927, para comemorar o centenário dos cursos de Direito no Brasil foi proposto que a data ficasse marcada como o dia do Estudante no Brasil, desde então o é celebrado neste dia.

Hoje, antes do início das aulas, na Escola Virgílio Rosas, o Professor Wilson fez uma fala em homenagem à todos os alunos de nossa escola.

Parabéns à todos os estudantes em seu dia!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

LEITURA DE NOTÍCIAS


Estar informado sobre o que acontece a nossa volta é hoje muito importante para a nossa formação. No entanto, a leitura de notícias é cada vez menos um hábito entre os adolescentes e jovens. Algumas escolas e cursos Pré-Vestibular já introduziram em seu currículo o estudo das Atualidades, que é o aprofundamento sobre os acontecimentos recentes e os debates contemporâneos.
Hoje, encontrar essas notícias está muito mais fácil, além dos jornais e revistas se pode ter acesso a esse conteúdo através da internet, em portais gratuitos de informação. Portanto, não se informar só por falta de costume mesmo.
Para criar esse hábito de acompanhar as notícias e incentivar o estudo das Atualidades entre os estudantes estou propondo entre os alunos do 8º e 9º ano da Escola Virgílio Rosas que façam um arquivo de leitura, onde eles recortam, imprimem ou indiquem o link da notícia lida, registrandofoi de qual veículo de comunicação foi retirado, com a data e uma chamada para a matéria escolhida. Na última sexta-feira fizemos a primeira ficha na sala de aula e daremos sequência nas próximas aulas.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A REVOLUÇÃO FRANCESA E MAIS UM EXEMPLO DA TEORIA SOBRE AS REVOLUÇÕES.


Outra Revolta que pode servir como referência para minha teoria apresentada no último post sobre a relação entre ascensão econômica e luta pelo controle político é a Revolução Francesa de 1789. Durante a França do Antigo Regime (Absolutismo) a burguesia mercantil se desenvolve e tornou-se o principal grupo econômico da França, superando os outros Estados Sociais Clero e Nobreza, ambos dependentes do poder real e com privilégios fiscais. Esses grupos, mesmo ultrapassados pela burguesia, mantinham o controle do Estado, devido a uma convergência de interesses nos Estados Gerais. Essa instituição reunia os representantes dos três Estados Sociais, além de Clero e da Nobreza o Terceiro Estado (composto pela burguesia, camponês e trabalhadores da cidade), onde cada Estado Social tinha direito a um voto, independente da distribuição populacional, e era convocado pelo Rei para decidir assuntos estratégicos ou polêmicos.
A Revolução Francesa vai marcar a ascensão política da burguesia, que se consolida no século XIX, em detrimento das classes sociais conservadores, com origem feudal. A Revolução Francesa é o marco inicial da Era Contemporânea e da Sociedade Burguesa.

AS REVOLTAS DA PLEBE E UMA TEORIA SOBRE AS REVOLUÇÕES.


Na aula desta semana no Pré-Vestibular Educafro o assunto era Roma na Antiguidade, passamos pelos três períodos da História desta sociedade, Monarquia, onde se fundou a cidade de Roma, com a lenda de Rômulo e Remo; a República expansionista e; o Império da Pax Romana.
No entanto, talvez o que mais deve ter chamado à atenção na minha fala durante a aula foi minha teoria sobre a causa das disputas políticas em todas as sociedades, ou pelo menos, uma causa recorrente. Segundo meu raciocínio, uma das causas, que encontramos em muitas disputas políticas distribuídas por todas as eras históricas, é a ascensão econômica de um grupo social, até então sem direitos políticos.
O exemplo que me fez citar essa teoria na aula desta semana foram as Revoltas da Plebe durante a República Romana. As Revoltas da Plebe foram reivindicações políticas do grupo social desprivilegiado politicamente em Roma. A República Romana foi o período em que a Aristocracia Rural Romana concentrava todo o poder político de sua sociedade. O Senado, instituição política mais importante da República Romana era local exclusivo dos Patrícios, grandes proprietários de terra. Esse domínio vinha desde a Monarquia, mas com o advento da República foi possível a Roma iniciar seu processo de expansão geográfica, no primeiro século antes de Cristo Roma havia alcançado a sua máxima dimensão territorial, espalhada por colônias por três continentes do globo, Europa, África e Ásia. Essas colônias eram abastecidas por produtos romanos e forneciam outros para a sede da República.
Como os patrícios se recusavam a exercer a atividade comercial, por considerar essa ocupação degradante, ficou a cargo dos plebeus, população que até então era a base social da República Romana, responsável pela produção agrícola, que com o intenso comércio de produtos enriqueceram e tornaram-se o grupo mais importante economicamente do final da República.
A ascensão econômica da plebe levará esse grupo a exigir o direito de intervir no Estado Romano, progressivamente a plebe foi conquistando espaços de participação na política romana. Primeiro o direito de eleger os tribunos da Plebe, que tinham o poder de vetar qualquer decisão do Senado; segundo a instituição das leis escritas; terceiro o casamento interclasses, que levou ao fim das classes sociais e o direito de qualquer grupo social romano de integrar o Senado ou qualquer cargo das magistraturas romanas.

Outras tantas revoltas políticas pela História foram motivadas pelo enriquecimento de um grupo até então sem o direito de participação política, e quem sabe um dia eu consiga provar cientificamente essa minha teoria.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

REDES SOCIAIS, MÍDIAS SOCIAIS E MÍDIAS DIGITAIS: QUAL A DIFERENÇA?

Redes Sociais, Mídias Sociais e Mídias Digitais são temas que constantemente entram em pauta, muitas vezes confundimos esses três conceitos, e a melhorar diferenciação que encontrei para eles é a que está contida no texto abaixo, postado originalmente no Blog "Midia Buzz: Marketing Digital/Mídias Digitais", a postagem é de Kaio Freitas, mas o texto é atribuído a @vihfreitas.



Com o boom da internet e a inclusão digital, muita coisa se perdeu pelo caminho. Muita gente sabe o que é Twitter, Orkut, Blog, SMS, mas são poucos que sabem diferenciar o que são redes sociais, mídias sociais e mídias digitais.
Várias pessoas, inclusive, começam a trabalhar com a tal “web 2.0″ sem entenderem esses conceitos. Então vamos dar uma olhada neles agora.
Afinal, o quê é o quê?
Rede social é uma das formas de representação dos relacionamentos afetivos ou profissionais dos seres entre si, em forma de rede ou comunidade. Elas podem ser responsáveis pelo compartilhamento de idéias, informações e interesses. Na internet, as redes sociais são as relações interpessoais mediadas pelo computador, e acontecem através da interação social em busca da comunicação. Exemplos mais famosos disso no Brasil são Orkut, Facebook.
Mídia social é o termo usado para definir a interação interpessoal no meio eletrônico, e trata-se da produção de conteúdo de muitos para muitos. É importante deixar claro que as redes sociais são apenas parte das mídias sociais. Segundo a Wikipédia, Andreas Kaplan e Michael Haenlein definem mídias sociais como “um grupo de aplicações para Internet construídas com base nos fundamentos ideológicos e tecnológicos da Web 2.0, e que permitem a criação e troca de Conteúdo Gerado pelo Utilizador“. Ou seja, fazem parte dela blogs, microblogs, redes sociais e afins. Outra coisa a ser relevada é a diferença entre blog e site, uma vez que o primeiro possibilita a interação blogueiro-leitor enquanto o segundo apenas disponibiliza conteúdo. E é essa falta de interação interpessoal que acaba com o 2.0 da coisa, tirando-o também da classificação de mídia social.
Mídia digital é a mídia eletrônica, ou meios de veiculação/comunicação eletrônicos baseados em tecnologia digital. Não requer necessariamente produção de conteúdo de muitos para muitos, nem relações interpessoais. Abrange sim a mídias social, mas não se detém nela. Temos como exemplo de mídia digital a internet, o celular, a TV digital e outros.
É sempre importante voltarmos vez ou outra e relembrarmos qual é a base de tudo. Se o primeiro passo do profissional é educar o cliente, então precisamos ter um conhecimento sólido da nossa área de atuação. Só assim saberemos definir as melhores estratégias e obter um resultado eficiente do nosso trabalho.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

ENCERRAMENTO DO CAFÉ CULTURAL E HOMENAGEM À SARAMAGO.

No último dia 29 de junho aconteceu o encerramento do Café Cultural, atividade desenvolvida na Escola Virgílio Rosas, pela Vice-Diretora Rosa, em parceria com a voluntária Cida Mathídios, artista plástica, e com o nosso apoio e participação. Durante todos os momentos do Café Cultural houve grande envolvimento de alunos, pais, professores e funcionários, que durante as tardes de terça-feira reuniam-se na biblioteca da escola para lerem poesia.
Cida Mathídios selecionou poemas de Cora Coralina sobre o cotidiano das famílias do interior do Brasil, trazendo ricas informações e envolventes dinâmicas que nos encantaram.
No último encontro, por ocasião da morte do escritor José Saramago, prêmio Nobel de Literatura de 1998, único escritor de língua portuguesa a receber tal título, propus uma homenagem à Saramago, ao trazer uma apresentação com fotos e textos do autor. Ao fim da homenagem doei à Biblioteca da escola, um exemplar do “Memorial do Convento”, um dos mais famosos livros de Saramago, para que toda a comunidade escolar possa ter acesso aos livros do escritor, já que Saramago foi muito importante para a literatura em língua portuguesa, sendo ele considerado o responsável por internacionalizar a prosa escrita em nosso idioma pelo mundo, além de ser um escritor preocupado com as temáticas sociais.
Em agosto, o Café Cultural será retomado, com outra temática e muitas novidades.



Alguns livros publicados de José Saramago:

# Terra do Pecado, 1947.
# Poemas Possíveis, 1966.
# Memorial do Convento, 1982.
# Evangelho Segundo Jesus Cristo, 1989.
# Ensaio sobre a Cegueira, 1995.

A poesia de Saramago:


Fala do velho do restelo ao astronauta

Aqui, na Terra, a fome continua,
A miséria, o luto, e outra vez a fome.

Acendemos cigarros em fogos de
napalme.
E dizemos amor sem saber o que seja.
Mas fizemos de ti a prova da riqueza,
E também da pobreza, e da fome outra
vez.
E pusemos em ti sei lá bem que desejo.
De mais alto que nós, e melhor e mais
puro.

No jornal, de olhos tensos, soletramos.
As vertigens do espaço e maravilhas:
Oceanos salgados que circundam
Ilhas mortas de sede, onde não chove.

Mas o mundo, astronauta, é boa mesa.
Onde come, brincando, só a fome,
Só a fome, astronauta, só a fome,
E são brinquedos as bombas de napalme.

terça-feira, 15 de junho de 2010

REPÚBLICA VELHA - CRONOLOGIA, LITERATURA E DOCUMENTÁRIO.

Convencionou chamar de REPÚBLICA VELHA o período entre a Proclamação da República, em 1889, e o golpe de estado que levou Getúlio Vargas ao poder em 1930.

1889 até 1894 - REPÚBLICA DA ESPADA

1894 até 1930 - REPÚBLICA DAS OLIGARQUIAS

Os presidentes da República Velha foram:

* 1889 até 1891 - DEODORO DA FONSECA - chefe do governo provisório e presidente eleito indiretamente.

*1891 até 1894 - FLORIANO PEIXOTO - assume após a renúncia de Deodoro da Fonseca.

*1894 até 1898 - PRUDENTE DE MORAIS.

*1898 até 1902 - CAMPOS SALES.

*1902 até 1906 - RODRIGUES ALVES.

*1906 até 1909 - AFONSO PENA - morreu durante o mandato.

*1909 até 1910 - NILO PEÇANHA - vice-presidente de Afonso Pena, concluiu o mandato.

*1919 até 1914 - HERMES DA FONSECA.

*1914 até 1918 - VENCESLAU BRÁS.

*1918 até 1919 - DELFIM MOREIRA - governa provisoriamente até a realização de novas eleições já que o presidente eleito, Rodrigues Alves, morre antes de assumir o governo.

*1919 até 1922 - EPITÁCIO PESSOA.

*1922 até 1926 - ARTUR BERNARDES

*1926 até 1930 - WASHINGTON LUÍS.

Como leitura complementar ao período da República Velha, em especial aos temas Coronelismo e Voto de Cabresto publico o texto de Lima Barreto, da obra "Vida Urbana".

“ _ Seu Doutor, eu vim incomodá-lo; mas precisa muito ficar bem com minha consciência.

_ Que há?

_ Eu não voto no doutor Rui.

_ Como você vai votar no Epitácio?

_ Nem num nem noutro.

_ Você está ficando indisciplinado; não é mais o correligionário disciplinado de antigamente. Que diabo foi isso? Eu não tenho sido companheiro para você?

_ Quero que o senhor não pense que sou mal-agradecido. Se estou empregado, devo ao doutor e...

_ Se você continuasse no partido, podia subir ou nós arranjávamos uma equiparação ou mesmo um aumento de vencimentos; mas...

_ Continuo no partido, doutor...

_ Como? Você não vota conosco...

_ Mas não voto no outro.

_ É o mesmo.

_ Não é doutor.

_ É sim Felício! Em política, quem não é por mim é contra mim. Você sabe disso, não é?

_ É e não é. Não estou contra o senhor não senhor! É que me deu uma coisa cá dentro e eu... [...]

_ Conte lá a história.

_ Vou contar. Trata-se – não é verdade? _ de escolher o homem que vai governar isto tudo. Quero dizer que ele vai governar todos os brasileiros, inclusive eu.

_ Daí?

_ Espere doutor! Pensei, então, eu cá com os meus botões: vou escolher uma pessoa que deve mandar em mim, na minha mulher, nos meus filhos, na minha casa até – preciso cuidado. Não é doutor?

_ Mais ou menos, é, pois há a lei que...

_ Isto de lei é história. Quem governa é ele mesmo...

_ Vamos adiante...

_ Um homem que vai ter tanto poder sobre mim, sobre os meus e sobre as minhas coisas para ser escolhido por mim mesmo, deve ser meu conhecido velho. Voluntariamente pela minha própria vontade, vou escolher um dono para mim, e sendo assim o meu dever é estar inteirado do sujeito que é – não acha?

_ Sim, não há dúvida. Mas você sabe quem é o Rui, penso eu.

_ Conheço. É um homem muito inteligente [...]

_ Mas por que você não vota nele?

_ Não voto porque não o conheço intimamente, de perto, como já disse ao senhor. [...] Mas tenho outros conhecidos, entre os quais posso procurar a pessoa para me governar, guiar e aconselhar.

_ Quem é?

_ É o doutor.

_ É voto perdido...

_ Não tem nada; mas voto de acordo com o que penso. Parece que sigo o que está no manifesto assinado pelo senhor e outros. ‘Guiados pela nossa consciência e obedecendo o dever de todo republicano de consulta-la’...

_ Chega Felício.

_ Não é isso?

_ É, mas você deve concordar que um eleitor arregimentado tem de obedecer ao chefe.

_ Se, mas isto é quando se trata de um deputado ou senador, mas para presidente, que tem todos os triunfos na mão a coisa. É o que penso."

PROUNI OFERECE MAIS DE 60 MIL BOLSAS DE ESTUDO.


Estão abertas as inscrições para o processo seletivo de meio de ano do PROUNI, que está oferecendo mais de 60 mil bolsas de estudos integrais e parciais em instituições de ensino privadas em todo o Brasil.
O prazo de inscrição começou hoje, terça-feira, 14 de junho, e vai até sábado, 19 de junho. Para efetuar a inscrição é preciso acessar o Portal do Prouni
Para concorrer às bolsas de estudo o aluno deve ter prestado o ENEM 2009 e ter obtido nota superior a 400 pontos e ter cursado o ensino médio em escolas públicas ou particulares na condição de bolsista integral.
O PROUNI, Programa Universidade para Todos, foi criado pelo Governo Lula em 2005, pela Lei 11.096/2005 e as instituições de ensino superior que aderem ao programa recebem isenções fiscais.

FREI DAVI VISITA EDUCAFRO GUARATINGUETÁ


Na última segunda-feira, 14 de junho, o núcleo da Educafro de Guaratinguetá recebeu a visita de Frei Davi, o idealizador e coordenador geral do projeto. Frei Davi veio à Guaratinguetá para reunir com os alunos da Educafro de nossa cidade, em conversa com eles expôs as novidades propostas pela Educafro aos seus núcleos e provocou um debate sobre políticas de ações afirmativas (exemplo: cotas raciais nas universidades públicas), PROUNI, ENEM e os vestibulares. Frei Davi aproveitou ainda para cobrar maior envolvimento de todos do núcleo de Guaratinguetá nas questões políticas e sociais da cidade, ao dizer que a Educafro tem caráter propositor e mobilizador de políticas públicas em educação e igualdade racial e social.
Outro assunto tratado por Frei Davi em sua visita foi à abertura de novos núcleos da Educafro em Guaratinguetá e na região, nesta parte da reunião três interessados em organizar novos núcleos se juntaram à conversa, Dr. João Carlos e Zé Luiz Divino de Guaratinguetá e Firmino do grupo cultural Namíbia, de Aparecida.
O Educafro surgiu na ação social franciscana, na cidade de São Paulo, para atender " borjovens negros carentes que não tinham possibilidade de ingressar nas universidades públicas. Ao longo do tempo agregou toda a população carente, independente de etnia, nos seus cursos Pré-Vestibulares. Em Guaratinguetá o núcleo Pré-Vestibular funciona sob coordenação do Frei Ricardo e de ex-alunos da Educafro, no prédio anexo à Igreja Nossa Senhora das Graças, que fica à Rua Vigário Martiniano, Centro.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

5 SÉCULOS DE EXPLORAÇÃO DA MATA ATLÂNTICA.

Dentro do projeto interdisciplinar da Escola Virgílio, A História do Bairro, com Consciência Ambiental, estamos tratando do tema Mata Atlântica. Em História estamos vendo, agora, os grupos culturais que surgiram na região de Mata Atlântica, em especial os Quilombolas e Caiçaras. São grupos que manifestam uma cultura social específica, integrada a Mata Atlântica, precisam da Mata para sobreviverem e, por este motivo, convivem harmoniosamente com ela.
Outro assunto que estamos vendo é a relação entre os ciclos econômicos e a devastação do bioma Mata Atlântica. Por estar situada nos territórios do litoral e nas áreas próximas a ele, a Mata Atlântica sofre com a ação da Sociedade Ocidental desde 1500. A exploração da terra pelos europeus e depois pela elite burguesa colonial e brasileira foi, até o século XX, uma exploração predatória e sem nenhuma preocupação ambiental. A Mata Atlântica sofreu esse processo sem defesa.
O primeiro dos ciclos econômicos foi o do Pau-Brasil. Essa árvore, que foi homenageada com dando seu nome ao nosso país, era abundante na Mata Atlântica, e tinha, no século XVI, alto valor comercial na Europa, pois de sua madeira avermelhada era extraído o corante para a tinturaria de tecidos européia. Em regime de escambo com as populações indígenas, os portugueses armazenavam as madeiras nas feitorias (armazéns fortificados no litoral) até as embarcações aportarem na costa brasileira e transportarem as toras para a Europa. No início do século XVI era muita baixa a freqüência das embarcações portuguesas na América, sendo o Brasil inicialmente ponto de parada para as viagens as Índias.
Com a desvalorização da rota Atlântica para as Índias, Portugal passou a ter outros interesses nas terras americanas, e passou a implantar um regime de exploração colonial. A primeira atividade rentável deste sistema foi o Ciclo da cana-de-açúcar. A exploração desta cultura se deu em grande intensidade nas áreas do litoral do Nordeste e Sudeste, portanto, na área de ocorrência da Mata Atlântica. O Ciclo açucareiro predominou no Brasil por pelo menos dois séculos e devastou boa parte do bioma Mata Atlântica.
No século XIX, foi introduzida a cultura do café, inicialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo. O café se tornou o principal produto da pauta de exportações do país e implantou uma dinâmica diferenciada na economia brasileira. Foi a partir da cafeicultura que se intensificou a urbanização e industrialização de São Paulo. Conseqüência do ciclo do café a introdução das ferrovias para escoar a produção, do interior para o litoral, onde estavam os portos de exportação.
O que temos de relacionar é que desde a chegada dos portugueses ao Brasil, a área de ocorrência das principais atividades econômicas do Brasil coincidiam com a área de Mata Atlântica, por este motivo o alto índice de desmatamento deste bioma, que hoje nos preocupamos em preservar o que restou dele.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

MEMÓRIA DO BAIRRO.


Hoje os alunos do 8º ano, da Escola Virgílio, participaram de uma oficina sobre Memórias. Nesta atividade, orientada pela voluntária Cida, que também é motivadora de atividades culturais em nossa escola, ela citou a viagem de D. Pedro que culminou na Independência do Brasil, em relação à Portugal. Nesta viagem, uma das paradas foi no bairro do São Bento, onde está nossa escola, onde hoje é a praça principal do bairro. Temos na praça um marco que registra a parada da comitiva de D. Pedro. Foi muito interessante explicitar para os alunos, que o bairro em que vivem e onde está nossa escola, já foi cenário de uma importante passagem da História do Brasil.

GRÊMIO ESTUDANTIL.


Outro assunto que está em debate na Escola Virgílio, com os estudantes do 8º, é a criação do Grêmio Estudantil. Esse debate surgiu em uma conversa com os alunos do 8º que reivindicavam melhorias no parque que fica na entrada da escola. Então, procurei mostrar à eles que a organização do movimento estudantil poderia ser uma boa iniciativa para começar a pleitear as melhorias pretendidas por eles. Muitos se interessaram pelo assunto, a direção da Escola também se mostrou simpática a idéia. Acredito eu que a criação do Grêmio representará um ganho para a Escola e a comunidade, pois entrando em funcionamento a entidade de representação dos estudantes pode ser uma difusora de cidadania.
Reproduzo abaixo, parte do conteúdo de matéria do site CONEXÃO ALUNO, sobre os Grêmios Estudantis.

“Tudo o que acontece no mundo, seja no meu país, na minha cidade ou no meu bairro, acontece comigo. Então eu preciso participar das decisões que interferem na minha vida.”
(Herbert de Souza)

O QUE É GRÊMIO?

Grêmio é a entidade representativa dos interesses dos estudantes de cada escola, que propõe a discussão e implementação de ações tanto no ambiente escolar quanto na comunidade à qual a escola pertence.

O Grêmio Estudantil é uma iniciação dos jovens na gestão participativa da sociedade em que vivem. Quando verdadeiramente comprometida, a organização defende os interesses dos alunos, buscando parceria com todas as pessoas que participam do cotidiano escolar: diretores, coordenadores, professores etc. O grêmio poderá atuar em atividades culturais, esportivas, sociais, políticas e comunitárias.

CINECLUBE!


Estamos nestes últimos dias em um debate sobre a criação de um Cineclube na Escola Virgílio. A idéia surgiu em uma conversa com alguns estudantes do 9º, que vieram me indicar um filme: "Vivendo com lobos". Depois deste dia, retomando algumas idéias de projetos passados, apresentei a idéia do Cineclube para os alunos e depois para a Direção. A idéia foi bem aceita por todos, e estamos nos preparando para começar o nosso Cineclube.
Tendo em vista isso, encontrei um arquivo, muito legal, que fala sobre os Cineclubes, infelizmente não tenho o nome da pessoa que produziu esse arquivo. Reproduzirei abaixo parte deste arquivo.

O que é Cineclube ?

Como o nome indica, cineclube é um clube de cinema. Não, porém uma entidade recreativa ou apenas social, mas cultural e educativa. Visa, além de proporcionar a seus associados, possibilidades de conhecerem cada vez mais profundamente o cinema sobre todos os seus aspectos, dar-lhes uma sólida educação cinematográfica.
Entendo por educação cinematográfica o seguinte:
1. Formação cultural do espectador a fim de tirá-lo de sua passividade na sala de cinema, a fim de torná-lo consciente, capaz de analisar um filme sobre todos os seus aspectos, julgá-lo, enfim, assimilá-lo.
2. Formação psicológica e moral específica para o cinema.
3. Formação de uma consciência individual com relação ao cinema, isto é, que o indivíduo não vá ao cinema por hábito, vício ou rotina, mas escolha conscientemente seus programas, não deixe que o cinema o domine, mas domine-o e use-o para seu bem.
4. Integração dessa tomada de consciência coletiva. Muitas pessoas falam do cinema, de sua força incrível de formar mentalidades e hábitos, de seus problemas, mas não há uma consciência coletiva a este respeito.

terça-feira, 11 de maio de 2010

DESENVOLVENDO UM TRABALHO.

Segue abaixo texto sobre como preparar um trabalho. Texto esse publicado originalmente no site Brasil Escola, escrito por Maria Rodrigues.

Trabalho escolar. Essa expressão cria pânico no mais inteligente dos seres. Mas se você aprender a forma correta de se produzir um bom trabalho, vai achar bem fácil nas próximas vezes em que o professor pedir um texto mais elaborado.
O primeiro passo é delimitar o tema. Por exemplo, se o professor pedir um trabalho sobre a I Guerra Mundial, então você terá que abordar todos os aspectos desse fato, desde suas origens até as suas conseqüências. No entanto, se ele pedir um trabalho sobre as alianças estratégicas desse período, então você deverá ater-se ao tema proposto. Nestes casos o “mais” vira menos. Tentar rebuscar demais pode ser visto pelo seu professor como uma maneira de “enrolar” sobre um assunto que você não domina.
Delimitado o tema, é hora de procurar fontes diversas que expressem as diferentes abordagens e opiniões dos autores. Isto sim vai fazer diferença no seu trabalho, pois vai provar que você pesquisou bastante antes de fazer o texto. Ao ler os livros, vá fazendo um resumo com as principais idéias do texto. Ao final da pesquisa você terá todo o material necessário para escrever um texto de sua total autoria, ou seja, sem cópia.
Um bom texto é um texto autêntico, sem reproduções, salvo aquelas que são citadas entre aspas nos casos de fala muito relevante. A ortografia é imprescindível, e com a popularização do computador, são poucos os professores que aceitam erros ortográficos e gramaticais nos trabalhos, pois os editores de texto fazem correções automaticamente. Para ter a certeza de que o seu texto está claro, peça para que alguém o leia e pergunte se as idéias estão concisas e objetivas.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

BRUXELAS



Já tem algum tempo que duas alunas do 9º E, da Escola Virgílio Rosas, me perguntam sobre Bruxelas. Inicialmente estranhei esse interesse, mas como elas sempre perguntam algumas coisas sobre a cidade fui me acostumando.
Bruxelas é capital da Bélgica,e hoje, ao ser mais uma vez inquerido por elas sobre a cidade pude dizer que tanto a história da Bélgica, como de Bruxelas, estão normalmente como coadjuvantes nos estudos de História, já que a Bélgica não é uma protagonista mundial. Deste modo temos poucas informações sobre elas.

HISTÓRIA DE BRUXELAS

domingo, 9 de maio de 2010


“Andamos por aí vendo o ribeiro, o qual é de muita água e muito boa. Ao longo dele há muitas palmeiras, não muito altas, e muito bons palmitos.”

“Enquanto andávamos nessa mata, atravessavam alguns papagaios, verdes uns, e pardos, outros, grandes e pequenos de sorte que me parece que haverá muitos nessa terra.”

“Águas são muitas: infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo: por causa das águas que tem!”

Esses trechos acima são da Carta de "achamento" do Brasil escrita por Pero Vaz de Caminha comunicando o Rei de Portugal, Dom Manuel I, da suposta descoberta portuguesa. A Carta é considerada o marco inicial da obra literária do Brasil, e nela está contida a primeira descrição da Mata Atlântica.

O tema Mata Atlântica faz parte do projeto interdisciplinar da Escola Virgílio Rosas da Silva, "A História do bairro, com consciência ambiental".

quinta-feira, 29 de abril de 2010

AS ORIGENS DA GLOBALIZAÇÃO.


Texto do Professor João Luís de Almeida Machado, publicado no blog Escolhendo a Pílula Vermelha.

O fenômeno da globalização é pensado como produto de nosso tempo. Este acontecimento se relaciona, na idéias de muitos, como resultado do mundo que surgiu depois da Queda do Muro de Berlim e o fim da Guerra Fria, das animosidades entre capitalismo e socialismo, do embate entre os Estados Unidos e a finada União Soviética. Será mesmo?
Há certamente, correntes discordantes (entre os quais me incluo), que procuram perceber tal fato, logicamente diferenciado do movimento atual por características e circunstâncias técnicas e contextuais, como tendo surgido em diferentes períodos da história. A mais corrente defesa entre estes grupos relaciona-se a idéia da expansão marítima européia dos séculos XV e XVI, que levou os europeus a Índia e ao oriente pela rota africana e os trouxe as Américas, como o movimento que desencadeou a onda globalizadora, aprofundada algum tempo depois pelas conquistas e necessidades do capitalismo industrial.
Prefiro olhar mais para trás no tempo e no espaço e vislumbrar na Antiguidade Clássica, com os gregos em duas fases de sua história, com a Magna Grécia se constituindo com o surgimento de cidades fundadas por gregos em diferentes partes dos continentes europeu, africano e asiático e, posteriormente com o período de expansão comandado por Alexandre Magno, que levou a cultura helênica até a Índia, passando por todo o Oriente Médio a incorporar/agregar parte de suas riquezas culturais e materiais, como um primeiro grande surto globalizante da humanidade.
No caso de Roma, sua expansão territorial notável, durante o Império, levou as fronteiras dos césares aos extremos da Europa, da Inglaterra ao norte da África, de Portugal a Germânia, entrando e dominando também as terras do Oriente Médio. Romanizaram, ou seja, impuseram sua cultura e fizeram prevalecer suas práticas e valores, mas também incorporaram produtos, idéias, hábitos e fragmentos da cultura de seus oponentes. Talvez nem esses, pensem alguns, jogando um pouco mais para trás, com egípcios, persas, fenícios ou babilônios, por exemplo. Ainda prefiro dar o crédito para gregos e romanos.
De qualquer modo, o que podemos constatar é que a globalização é anterior ao momento atual e, mesmo em períodos da história desconsiderados como contextos nos quais tal fato poderia estar acontecendo há personagens e fatos que parecem contrariar esta linha de pensamento. Pensemos na Idade Média, chamada por alguns historiadores de Idade das Trevas, os mil anos de dormência nos quais mergulhou a Europa. Pois é neste contexto que ocorrem as Cruzadas e das cruzadas, surgem os Renascimentos Comercial e Urbano, há pessoas, produtos e idéias circulando, criando as bases para a Modernidade.
Durante a Idade Média, personagens como Marco Polo, o aventureiro veneziano que saiu da Itália e tomou o rumo do oriente, recriando a imagem das cidades com telhados de ouro que existiriam na Índia, China e Japão, e o filósofo e teólogo, elevado a santo da Igreja Católica, Tomás de Aquino, italiano nascido em Nápoles, que estudou teologia na Universidade de Colônia (Alemanha) e filosofia na Universidade de Paris, onde se tornou professor nas duas cadeiras, seriam ou não exemplos destes homens globalizados que superaram fronteiras e conheceram o mundo?
É fato, também, que a dinamização da economia ocorrida a partir do advento do industrialismo, nos séculos XVIII e XIX, proporcionou o surgimento de uma nova ordem mundial, na qual as inovações nas áreas de transporte e comunicação, ano após ano, década após década, construíram uma realidade na qual os homens cada vez mais podem e conseguem estar em diferentes lugares, seja por obra da telefonia, da internet ou de aviões, trens e automóveis, deslocando-se continuamente, de forma presencial ou a distância, a outros universos, diferentes daqueles de sua origem.
De qualquer modo, a globalização, como a concebemos e entendemos nos dias de hoje, ainda que suas origens históricas possam ser discutidas, é fenômeno diferenciado dos demais períodos e eventos mencionados por conta das possibilidades da tecnologia, dos interesses em discussão (sejam eles corporativos, governamentais, relacionados a projetos de ONGs ou mesmo individuais) e do mercado, ávido por novos negócios, investimentos, vendas, ganhos...
Nesse contexto, os peões que são movimentados no tabuleiro da globalização, sejam soldados ou oficiais graduados, que assumem causas, bandeiras, negociações, ideologias e tantas outros fatores que lhes fazem viajar constantemente, estão vivendo dentro de um contexto em que o ser humano parece ter se multiplicado para que todas as finalidades e objetivos aos quais está relacionado sejam atingidos. Seja, neste sentido, o preço qual for, o importante é que o mundo ficou plano, as distâncias praticamente desapareceram, os homens viraram (definitivamente) caixeiros-viajantes (expressão que as novas gerações provavelmente desconhecem) e tudo, por fim, parece ter se tornado secundário se comparado aos interesses que movem, na velocidade da luz, os negócios a serem fechados (mas isso é assunto para outras linhas).

domingo, 18 de abril de 2010

ENTREVISTA DO HISTORIADOR ERIC HOBSBAWN!

Reproduzo entrevista com o historiador britânico Eric Hobsbawn, um dos historiadores vivos de maior influência no mundo. Esta entrevista foi publicada originalmente na edição de janeiro/fevereiro da revista britânica “New Left Review”. E a tradução para o portuguÊs é de Clara Allain.
No Brasil a entrevista foi publicada no blog do Luís Nassif.

PERGUNTA – “Era dos Extremos” termina em 1991, com um panorama de avalanche global -o colapso das esperanças de avanços sociais da era de ouro [para Hobsbawm, 1949-73]. Quais são as mudanças mais importantes desde então?

ERIC HOBSBAWM – Vejo quatro mudanças principais. Primeiro, o deslocamento do centro econômico do mundo do Atlântico Norte para o sul e o leste da Ásia. Isso já estava começando no Japão nas décadas de 1970 e 80, mas a ascensão da China desde os anos 1990 vem fazendo uma diferença real.
Em segundo lugar, é claro, a crise mundial do capitalismo, que vínhamos prevendo, mas que, mesmo assim, levou muito tempo para ocorrer. Em terceiro, a derrota retumbante da tentativa dos EUA de exercer a hegemonia global solo a partir de 2001.
Em quarto lugar, a emergência de um novo bloco de países em desenvolvimento, como entidade política -os Brics [Brasil, Rússia, Índia e China]-, não tinha acontecido quando escrevi “Era dos Extremos”.
E, em quinto lugar, a erosão e o enfraquecimento sistemático da autoridade dos Estados: dos Estados nacionais no interior de seus territórios e, em grandes regiões do mundo, de qualquer tipo de autoridade de Estado efetiva. Isso se acelerou em um grau que eu não teria previsto.

PERGUNTA – O que mais o surpreendeu desde então?

HOBSBAWM – Nunca deixo de me espantar com a pura e simples insensatez do projeto neoconservador, que não apenas fez de conta que a América fosse o futuro, mas chegou a pensar que tivesse formulado uma estratégia e uma tática para alcançar esse objetivo. Pelo que consigo enxergar, ele não tinha uma estratégia coerente, em termos racionais.
Em segundo lugar -fato muito menor, mas significativo-, o ressurgimento da pirataria, algo que já tínhamos em grande medida esquecido; isso é novo.
E a terceira coisa, que é ainda mais local: a derrocada do Partido Comunista da Índia (Marxista) em Bengala Ocidental [no leste da Índia], algo que eu realmente não teria previsto.

PERGUNTA – O sr. visualiza uma recomposição política daquilo que foi no passado a classe trabalhadora?

HOBSBAWM – Não em sua forma tradicional. Marx [1818-83] acertou, sem dúvida, quando previu a formação de grandes partidos de classe em determinado estágio da industrialização. Mas esses partidos, quando foram bem-sucedidos, não operaram puramente como partidos da classe trabalhadora: se queriam estender-se para além de uma classe estreita, o faziam como partidos do povo, estruturados em torno de uma organização inventada pela classe trabalhadora e voltada a alcançar os objetivos dela.
Mesmo assim, havia limites à consciência de classe. No Reino Unido, o Partido Trabalhista nunca conquistou mais de 50% dos votos. O mesmo se aplica à Itália, onde o Partido Comunista era muito mais um partido do povo.
Na França, a esquerda era baseada sobre uma classe trabalhadora relativamente fraca, mas que conseguiu se reforçar como sucessora essencial da tradição revolucionária.
O declínio da classe operária manual na indústria parece, de fato, ter atingido seu estágio terminal.
Houve três outras mudanças negativas importantes. Uma delas, é claro, é a xenofobia -que, para a maior parte da classe trabalhadora é, nas palavras usadas certa vez por [August] Bebel, “o socialismo dos tolos”: proteja meu emprego contra pessoas que estão competindo comigo.
Em segundo lugar, boa parte da mão de obra e do trabalho nos setores que a administração pública britânica qualificava no passado como “graus menores e manipulativos” não é permanente, mas temporária. Assim, não é fácil enxergá-la como tendo potencial de ser organizada.
A terceira e mais importante mudança é, a meu ver, a divisão crescente gerada por um novo critério de classe: a saber, a aprovação em exames de escolas e universidades como critério de acesso a empregos. Pode-se dizer que se trata de uma meritocracia, mas ela é medida, institucionalizada e mediada por sistemas de ensino.
O que isso fez foi desviar a consciência de classe da oposição aos patrões para a oposição a representantes de alguma elite: intelectuais, elites liberais, pessoas que se erguem como superiores a nós.

PERGUNTA – Que comparações o sr. traçaria entre a crise atual e a Grande Depressão?

HOBSBAWM – [A crise de] 1929 não começou com os bancos -eles só caíram dois anos mais tarde. O que aconteceu, na verdade, foi que a Bolsa de Valores desencadeou uma queda na produção, com um índice muito mais alto de desemprego e um declínio real muito maior na produção do que havia ocorrido em qualquer momento até então.
A depressão atual levou mais tempo sendo preparada que a de 1929, que pegou quase todos de surpresa. Deveria ter sido claro desde cedo que o fundamentalismo neoliberal gerou uma instabilidade enorme nas operações do capitalismo. Até 2008, isso pareceu afetar apenas as áreas periféricas -a América Latina nos anos 1990 e no início da década de 2000; o Sudeste Asiático e a Rússia.
Parece-me que o verdadeiro indício de algo grave acontecendo deveria ter sido o colapso da Long-Term Capital Management [fundo de investimentos sediado nos EUA], em 1998, que provou como estava errado o modelo inteiro de crescimento. Mas o incidente não foi visto como tal. Paradoxalmente, a crise levou vários empresários e jornalistas a redescobrirem Karl Marx como alguém que tinha escrito algo interessante sobre uma economia globalizada moderna.
A economia mundial em 1929 era menos global do que é hoje. Isso exerceu algum efeito, é claro. A existência da União Soviética não exerceu efeito concreto sobre a Depressão, mas seu efeito ideológico foi enorme: significava que havia uma alternativa.
Desde os anos 1990, temos assistido à ascensão da China e das economias emergentes, fato que vem realmente exercendo um efeito concreto sobre a depressão atual, na medida em que esses países vêm ajudando a manter a economia mundial muito mais equilibrada do que ela estaria sem eles.

PERGUNTA – E o que dizer das consequências políticas?

HOBSBAWM – A Depressão de 1929 levou a um desvio avassalador para a direita, com a exceção notável da América do Norte, incluindo o México, e da Escandinávia.
O efeito da crise atual não é tão nítido. Podemos imaginar que grandes mudanças políticas devem ocorrer não apenas nos EUA ou no Ocidente, mas quase certamente na China.

PERGUNTA – O sr. antevê que a China continue a resistir ao declínio?

HOBSBAWM – Não há nenhuma razão em especial para prever que a China pare de crescer de uma hora para outra. A depressão causou um choque grave ao governo chinês, na medida em que paralisou muitas indústrias, temporariamente. Mas o país ainda se encontra nos estágios iniciais do desenvolvimento econômico, e há espaço enorme para expansão.
É claro que o país ainda enfrenta grandes problemas; sempre há pessoas que se perguntam se a China vai conseguir continuar unida. Mas acho que as razões reais e ideológicas para que as pessoas desejem que a China se mantenha unida continuam muito fortes.

PERGUNTA – Que avaliação o sr. faz da administração Obama?

HOBSBAWM – As pessoas ficaram tão satisfeitas com a eleição de um homem como ele, especialmente em um momento de crise, que pensaram que certamente seria um grande reformador, que faria o que Roosevelt [1933-45, responsável pelo New Deal, série de programas econômicos e sociais contra a Grande Depressão] fez.
Mas Obama não o fez. Ele começou mal. Se compararmos os primeiros cem dias de Roosevelt aos primeiros cem dias de Obama, o que salta à vista é a disposição de Roosevelt em aceitar assessores não oficiais, em experimentar algo novo, comparada à insistência de Obama em se conservar no centro. Acho que ele desperdiçou sua chance.

PERGUNTA – A solução de dois Estados, conforme visualizada no momento, é uma perspectiva digna de crédito para a Palestina?

HOBSBAWM – Pessoalmente, duvido que ela exista no momento. Seja qual for a solução possível, nada vai acontecer enquanto os americanos não decidirem mudar totalmente de posição e aplicar pressão sobre Israel.

PERGUNTA – Existem lugares do mundo nos quais o sr. acha que projetos positivos e progressistas ainda estejam vivos ou tenham chances de ser reativados?

HOBSBAWM – Na América Latina, com certeza, a política e o discurso público geral ainda são conduzidos nos velhos termos do iluminismo -liberais, socialistas, comunistas.
Esses são os lugares onde se encontram militaristas que falam como socialistas -que “são” socialistas. Encontram-se fenômenos como [o presidente] Lula, baseado em um movimento da classe trabalhadora, e [o presidente boliviano Evo] Morales.
Para onde isso vai levar é outra questão, mas a velha linguagem ainda pode ser falada, e os velhos modos políticos ainda estão disponíveis.
Não estou inteiramente certo quanto à América Central, embora existam indícios de um ligeiro “revival” da tradição da revolução no próprio México -não que isso vá muito longe, na medida em que o México já foi virtualmente integrado à economia americana.
É possível que projetos progressistas possam renascer na Índia, devido à força institucional da tradição secular de Nehru [que se tornou premiê após a independência do país, em 1947]. Mas isso não parece penetrar muito entre as massas.
Além disso, o legado dos velhos movimentos trabalhistas, socialistas e comunistas na Europa continua bastante forte.
Desconfio que, em algum momento, a herança do comunismo, por exemplo nos Bálcãs ou até mesmo em parte da Rússia, possa se manifestar de maneiras que não podemos prever. O que vai acontecer na China eu não sei. Mas não há dúvida de que eles [os chineses] estão pensando em termos diferentes, não em termos maoístas ou marxistas modificados.

PERGUNTA – O sr. sempre foi crítico do nacionalismo como força política. Também se manifestou contra violações de soberania nacional cometidas em nome de intervenções humanitárias. Após a falência do internacionalismo nascido do movimento trabalhista, que tipos são desejáveis hoje?

HOBSBAWM – Em primeiro lugar, o humanitarismo, o imperialismo dos direitos humanos, não tem muito a ver com internacionalismo. É indicativo ou de um imperialismo renascido, que encontra nele uma desculpa adequada para cometer violações de soberania de Estados -podem ser desculpas absolutamente sinceras-, ou então, o que é mais perigoso, é uma reafirmação da crença na superioridade permanente da região que dominou o planeta do século 16 até o final do século 20.
O internacionalismo, que é a alternativa ao nacionalismo, é uma coisa espinhosa. Ou é um slogan politicamente vazio, como foi, concretamente falando, no movimento trabalhista internacional -não queria dizer nada específico-, ou é uma maneira de assegurar uniformidade para organizações centralizadas e poderosas como a Igreja Católica ou a Internacional Comunista.
O internacionalismo significava que, como católico, você acreditava nos mesmos dogmas e participava das mesmas práticas, não importa quem você fosse ou onde vivesse. O mesmo acontecia, teoricamente, com os partidos comunistas. Não é realmente isso o que queríamos dizer com “internacionalismo”.
O Estado-nação foi e continua a ser o quadro em que são tomadas todas as decisões políticas, domésticas e externas. É possível que o islã missionário e fundamentalista constitua uma exceção a essa regra, abarcando Estados, mas isso ainda não foi demonstrado concretamente.

PERGUNTA – Há obstáculos inerentes a qualquer tentativa de extrapolar as fronteiras do Estado-nação?

HOBSBAWM – Economicamente e na maioria dos outros aspectos -inclusive culturalmente, até certo ponto-, a revolução das comunicações criou um mundo genuinamente internacional, no qual há poderes de decisão que se transnacionalizam, atividades que são transnacionais e, é claro, movimentos de ideias, comunicações e pessoas que são mais facilmente transnacionais do que antes.
Na política, contudo, não se vê nenhum sinal de que isso esteja acontecendo, e é essa a contradição básica no momento. Uma das razões pelas quais não vem acontecendo é que, no século 20, a política foi democratizada em grau muito grande -a massa da população comum se envolveu nela. Para essa massa, o Estado é essencial para suas operações cotidianas normais e para suas possibilidades de vida.
Tentativas de fragmentar o Estado internamente, pela descentralização, foram empreendidas, em sua maioria nos últimos 30 ou 40 anos, e algumas delas não deixaram de ter algum sucesso -na Alemanha, com certeza, a descentralização vem tendo alguma medida de sucesso e, na Itália, a regionalização vem sendo benéfica.
Mas as tentativas de criar Estados supranacionais não têm funcionado. A União Europeia é o exemplo mais óbvio disso.
Ela foi prejudicada, até certo ponto, pelo fato de seus fundadores terem pensado precisamente em termos de um Superestado análogo a um Estado nacional, apenas maior -sendo que essa não era uma possibilidade, creio, e hoje com certeza não é.

PERGUNTA – O nacionalismo foi uma das grandes forças motrizes da política no século 19 e em boa parte do século 20. Que o sr. diz da situação atual?

HOBSBAWM – Não há dúvida alguma de que o nacionalismo foi, em grande medida, parte do processo de formação dos Estados modernos, que exigiu uma forma de legitimação diferente da do Estado tradicional teocrático ou dinástico. A ideia original do nacionalismo era a criação de Estados maiores, e me parece que essa função unificadora e de expansão foi muito importante.
Um exemplo típico foi o da Revolução Francesa, na qual, em 1790, pessoas apareceram dizendo: “Não somos mais delfineses ou sulistas -somos todos franceses”.
Em uma etapa posterior, dos anos 1870 em diante, vemos movimentos de grupos no interior desses Estados impulsionando a criação de seus Estados independentes.
Era reconhecido, mesmo que não pelos próprios nacionalistas, que nenhum desses novos Estados-nações era, de fato, étnica ou linguisticamente homogêneo.
Mas, depois da Segunda Guerra [1939-45], os pontos fracos das situações existentes foram enfrentados, não apenas pelos vermelhos, mas por todos, pela criação proposital e forçada da homogeneidade étnica. Isso provocou uma quantidade enorme de sofrimento e crueldade e, no longo prazo, também não funcionou.
Não posso deixar de pensar que a função dos Estados separatistas pequenos, que se multiplicaram tremendamente desde 1945, mudou. Para começo de conversa, eles são reconhecidos como existentes.
Antes da Segunda Guerra, os Miniestados -como Andorra, Luxemburgo e todos os outros- nem sequer eram vistos como parte do sistema internacional, exceto pelos colecionadores de selos. A ideia de que tudo, até a Cidade do Vaticano, hoje é um Estado, potencialmente membro das Nações Unidas, é nova.
A função histórica de criar uma nação como Estado-nação deixou de ser a base do nacionalismo. Pode-se dizer que não é mais um slogan muito convincente.
Hoje, porém, o fator xenofóbico do nacionalismo é cada vez mais importante. Quanto mais a política foi democratizada, maior foi o potencial para isso. Trata-se de algo muito mais cultural que político -basta pensar na ascensão do nacionalismo inglês ou escocês nos últimos anos-, mas nem por isso menos perigoso.

PERGUNTA – O fascismo não incluía essas formas de xenofobia?

HOBSBAWM – O fascismo ainda foi, até certo ponto, parte da investida para criar nações maiores. Não há dúvida de que o fascismo italiano foi um grande passo à frente na conversão de calabreses e úmbrios em italianos; mesmo na Alemanha, foi apenas em 1934 que os alemães puderam ser definidos como alemães, e não alemães pelo fato de serem suábios, francos ou saxões.
É verdade que os fascismos alemão e europeu central e oriental foram acirradamente contrários a outsiders -judeus, em grande medida, mas não apenas eles.
E, é claro, o fascismo forneceu uma garantia menor contra os instintos xenofóbicos.

PERGUNTA – As dinâmicas separatistas e xenofóbicas do nacionalismo atuam hoje nas margens da política mundial?

HOBSBAWM – Sim, embora existam regiões em que o nacionalismo causou danos enormes, como no sudeste da Europa.
Ainda é verdade, é evidente, que o nacionalismo -ou o patriotismo, ou a identificação com um povo específico, que não precisa necessariamente ser definido por critérios étnicos- seja um enorme fator de legitimação dos governos.
Isso é claramente o caso na China. Um dos problemas da Índia, hoje, é que não existe nada exatamente assim por lá.

PERGUNTA – Como o sr. prevê a dinâmica social da imigração contemporânea hoje? Haverá a emergência gradual de outro caldeirão cultural na Europa, não dessemelhante ao americano?

HOBSBAWM – Mas o caldeirão cultural nos EUA deixou de sê-lo desde os anos 1960. Ademais, no final do século 20, a migração já era algo realmente muito diferente das migrações de períodos anteriores, em grande medida porque, ao emigrar, as pessoas já não rompem os vínculos com o passado no mesmo grau em que o faziam antes.
É possível continuar a ser guatemalteco mesmo vivendo nos EUA. Também há situações como as da UE, nas quais, concretamente, a imigração não gera a possibilidade de assimilação. Um polonês que vem para o Reino Unido não é visto como nada além de um polonês que vem trabalhar no país.
Isso é claramente novo e muito diferente da experiência de pessoas da minha geração, por exemplo -a geração dos emigrados políticos, não que eu tenha sido um-, na qual nossa família era britânica, porém culturalmente nunca deixávamos de ser austríacos ou alemães; mas, apesar disso, acreditávamos realmente que deveríamos ser ingleses.
Acredito realmente que é essencial conservar as regras básicas da assimilação -que os cidadãos de um país particular devem comportar-se de determinada maneira e gozar de determinados direitos, que esses comportamentos e direitos devem defini-los e que isso não deve ser enfraquecido por argumentos multiculturais.
A França integrou, apesar de tudo, mais ou menos tantos de seus imigrantes estrangeiros quanto os EUA, relativamente falando, e, mesmo assim, o relacionamento entre os locais e os ex-imigrantes é quase certamente melhor lá. Isso acontece porque os valores da República Francesa continuam a ser essencialmente igualitários e não fazem nenhuma concessão pública real.
Seja o que for que você faça no âmbito pessoal -era também esse o caso nos EUA no século 19-, publicamente esse é um país que fala francês. A dificuldade real não será tanto com os imigrantes quanto com os locais. É em lugares como Itália e Escandinávia, que não tinham tradições xenofóbicas prévias, que a nova imigração vem criando problemas sérios.

PERGUNTA – Hoje é amplamente disseminada a ideia de que a religião tenha retornado como força imensamente poderosa. O sr. vê isso como um fenômeno fundamental ou mais passageiro?

HOBSBAWM – Está claro que a religião -entendida como a ritualização da vida, a crença em espíritos ou entidades não materiais que influenciariam a vida e, o que não é menos importante, como um elo comum entre comunidades- está tão amplamente presente ao longo da história que seria um equívoco enxergá-la como fenômeno superficial ou que esteja destinado a desaparecer, pelo menos entre os pobres e fracos, que provavelmente sentem mais necessidade de seu consolo e também de suas potenciais explicações do porquê de as coisas serem como são.
Existem sistemas de governo, como o chinês, que não possuem concretamente qualquer coisa que corresponda ao que nós consideraríamos ser religião. Eles demonstram que isso é possível, mas acho que um dos erros do movimento socialista e comunista tradicional foi optar pela extirpação violenta da religião em épocas em que poderia ter sido melhor não o fazer.
É verdade que a religião deixou de ser a linguagem universal do discurso público; e, nessa medida, a secularização vem sendo um fenômeno global, embora apenas em algumas partes do mundo ela tenha enfraquecido gravemente a religião organizada.
Para as pessoas que continuam a ser religiosas, o fato de hoje existirem duas linguagens do discurso religioso gera uma espécie de esquizofrenia, algo que pode ser visto com bastante frequência entre, por exemplo, os judeus fundamentalistas na Cisjordânia -eles acreditam em algo que é evidentemente tolice, mas trabalham como especialistas nisso.
O declínio das ideologias do iluminismo deixou um espaço político muito maior para a política religiosa e as versões religiosas de nacionalismo. Mas muitas religiões estão claramente em declínio.
O catolicismo está lutando arduamente, mesmo na América Latina, contra a ascensão de seitas evangélicas protestantes, e tenho certeza de que está se mantendo na África apenas graças a concessões aos hábitos e costumes sociais que eu duvido que tivessem sido feitas no século 19.
As seitas evangélicas protestantes estão em ascensão, mas não está claro até que ponto são mais que uma minoria entre os setores sociais com mobilidade ascendente, como era o caso antigamente com os não conformistas na Inglaterra.
A única exceção é o islã, que vem continuando a se expandir sem nenhuma atividade missionária efetiva nos últimos dois séculos.
Parece-me que o islã possui grandes trunfos que favorecem sua expansão contínua -em grande medida, porque confere às pessoas pobres o sentimento de que valem tanto quanto todas as outras e que todos os muçulmanos são iguais.

PERGUNTA – Não se poderia dizer o mesmo do cristianismo?

HOBSBAWM – Mas um cristão não crê que vale tanto quanto qualquer outro cristão. Duvido que os cristãos negros acreditem que valham tanto quanto os colonizadores cristãos, enquanto alguns muçulmanos negros acreditam nisso, sim. A estrutura do islã é mais igualitária, e o elemento militante é mais forte no islã.
Recordo-me de ter lido que os mercadores de escravos no Brasil deixaram de importar escravos muçulmanos porque eles insistiam em rebelar-se sempre. Esse apelo encerra perigos consideráveis -em certa medida, o islã deixa os pobres menos receptivos a outros apelos por igualdade.
Os progressistas no mundo muçulmano sabiam desde o início que não haveria maneira de afastar as massas do islã; mesmo na Turquia, tiveram que encontrar alguma forma de convivência -aliás, esse foi provavelmente o único lugar onde isso foi feito com êxito.

PERGUNTA – A ciência foi uma parte central da cultura da esquerda antes da Segunda Guerra. O sr. acha que o destaque crescente das questões ambientais deverá reaproximar a ciência da política radical?

HOBSBAWM – Tenho certeza de que os movimentos radicais vão se interessar pela ciência. O ambiente e outras preocupações geram razões fundamentadas para combater a fuga da ciência e da abordagem racional aos problemas, fuga que se tornou bastante ampla a partir dos anos 1970 e 80. Mas, com relação aos próprios cientistas, não creio que isso vá acontecer.
Diferentemente dos cientistas sociais, não há nada que leve os cientistas naturais a se aproximarem da política. Historicamente falando, eles, na maioria dos casos, têm sido apolíticos ou seguiram a política padrão de sua classe.

PERGUNTA – Em “Tempos Interessantes” [publicado em 2002], o sr. expressou reservas ao que eram, na época, modismos históricos recentes. O sr. acha que o cenário historiográfico continua relativamente inalterado?

HOBSBAWM – Minha geração de historiadores, que de modo geral transformou o ensino da história, além de muitas outras coisas, procurou essencialmente estabelecer um vínculo permanente, uma fertilização mútua, entre a história e as ciências sociais; era um esforço que datava dos anos 1890.
A disciplina econômica seguiu uma trajetória diferente. Dávamos como certo que estávamos falando de algo real: de realidades objetivas, embora, desde Marx e a sociologia do conhecimento, soubéssemos que as pessoas não registram a verdade simplesmente como ela é.
Mas o que era realmente interessante eram as transformações sociais. A Grande Depressão foi instrumental nesse aspecto, porque reapresentou o papel exercido por grandes crises nas transformações históricas -a crise do século 14, a transição ao capitalismo.
Éramos um grupo que procurava resolver problemas, que se preocupava com as grandes questões. Havia outras coisas cuja importância diminuíamos: éramos tão contrários à história tradicionalista, à história dos governantes e figuras importantes, ou mesmo à história das ideias, que rejeitávamos isso tudo.
Em algum momento da década de 1970, ocorreu uma mudança acentuada. Em 1979-80 a [revista de história] “Past & Present” publicou uma troca de ideias entre Lawrence Stone e mim sobre o “revival da narrativa” -”o que está acontecendo com as grandes perguntas “por quê’?”.
Os historiadores oriundos de 1968 não se interessavam mais pelas grandes perguntas -pensavam que todas já tinham sido respondidas. Estavam muito mais interessados nos aspectos voluntários ou pessoais. O [periódico] “History Workshop” foi um desenvolvimento tardio desse tipo.
Por outro lado, houve alguns avanços positivos. O mais positivo destes foi a história cultural, que todos nós, inegavelmente, tínhamos deixado de lado. Não prestamos atenção suficiente à história do modo como ela de fato se apresenta a seus atores.

PERGUNTA – Se o sr. tivesse que escolher tópicos ou campos ainda inexplorados e que representam desafios importantes para historiadores futuros, quais seriam?

HOBSBAWM – O grande problema é um problema muito geral. Segundo padrões paleontológicos, a espécie humana transformou sua existência com velocidade espantosa, mas o ritmo das transformações tem variado tremendamente.
Os marxistas focaram, com razão, as transformações no modo de produção e em suas relações sociais como sendo geradoras de transformações históricas.
Contudo, se pensarmos em termos de como “os homens fazem sua própria história”, a grande questão é a seguinte: historicamente, comunidades e sistemas sociais buscaram a estabilização e a reprodução, criando mecanismos para prevenir-se contra saltos perturbadores no desconhecido. Como, então, humanos e sociedades estruturados para resistir a transformações dinâmicas se adaptam a um modo de produção cuja essência é o desenvolvimento dinâmico interminável e imprevisível?
Os historiadores marxistas poderiam beneficiar-se da pesquisa das operações dessa contradição fundamental entre os mecanismos que promovem transformações e aqueles que são voltados a opor resistência a elas.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

TOLERÂNCIA SEGUNDO JOHN LOCKE.


Uma Igreja é uma sociedade de membros voluntariamente ligados para um fim comum, que está voltado para questões da alma. Por outro lado, nenhuma Igreja é obrigada pelo dever da tolerância a manter em seu seio qualquer pessoa que, depois de continuadas admoestações, ofenda obstinadamente as leis desta sociedade.
A partir dessas idéias, John Locke, filósofo inglês, defende a liberdade religiosa em amplo sentido, e propõe a separação total dos poderes religioso e político. Locke considerava que as guerras, torturas e execuções, em nome da religião, eram na verdade culpa da intervenção das crenças religiosas na política.
Locke entende que a comunidade (Estado) é “uma sociedade de homens, constituída somente para que estes obtenham, preservem e aumentem seus próprios interesses civis. Por interesse civil, ele entendia a vida, a liberdade e a salva-guarda do corpo e a posse de bens externos”. Portanto, o Estado tem como dever garantir a cada indivíduo esses direitos. As questões ligadas à fé não são de responsabilidade do Estado. Todo o poder do Estado relaciona-se apenas com os interesses civis.
Muitos confundem tolerância com aceitação. Não é bem isso. Locke defende a tolerância com base no principio grego da indiferença, ou seja, não se faz necessário aceitar como legítima ou verdadeira a crença alheia, bastando tolerar os diferentes cultos. Os diferentes grupos devem se tolerar mutuamente.
Assim como a religião não deve invadir o campo do Estado, o Estado não deve invadir o campo religioso. Sendo dever do Estado Laico (não religioso/sem uma religião oficial de Estado) garantir a liberdade de crença e culto.

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