quinta-feira, 29 de abril de 2010

AS ORIGENS DA GLOBALIZAÇÃO.


Texto do Professor João Luís de Almeida Machado, publicado no blog Escolhendo a Pílula Vermelha.

O fenômeno da globalização é pensado como produto de nosso tempo. Este acontecimento se relaciona, na idéias de muitos, como resultado do mundo que surgiu depois da Queda do Muro de Berlim e o fim da Guerra Fria, das animosidades entre capitalismo e socialismo, do embate entre os Estados Unidos e a finada União Soviética. Será mesmo?
Há certamente, correntes discordantes (entre os quais me incluo), que procuram perceber tal fato, logicamente diferenciado do movimento atual por características e circunstâncias técnicas e contextuais, como tendo surgido em diferentes períodos da história. A mais corrente defesa entre estes grupos relaciona-se a idéia da expansão marítima européia dos séculos XV e XVI, que levou os europeus a Índia e ao oriente pela rota africana e os trouxe as Américas, como o movimento que desencadeou a onda globalizadora, aprofundada algum tempo depois pelas conquistas e necessidades do capitalismo industrial.
Prefiro olhar mais para trás no tempo e no espaço e vislumbrar na Antiguidade Clássica, com os gregos em duas fases de sua história, com a Magna Grécia se constituindo com o surgimento de cidades fundadas por gregos em diferentes partes dos continentes europeu, africano e asiático e, posteriormente com o período de expansão comandado por Alexandre Magno, que levou a cultura helênica até a Índia, passando por todo o Oriente Médio a incorporar/agregar parte de suas riquezas culturais e materiais, como um primeiro grande surto globalizante da humanidade.
No caso de Roma, sua expansão territorial notável, durante o Império, levou as fronteiras dos césares aos extremos da Europa, da Inglaterra ao norte da África, de Portugal a Germânia, entrando e dominando também as terras do Oriente Médio. Romanizaram, ou seja, impuseram sua cultura e fizeram prevalecer suas práticas e valores, mas também incorporaram produtos, idéias, hábitos e fragmentos da cultura de seus oponentes. Talvez nem esses, pensem alguns, jogando um pouco mais para trás, com egípcios, persas, fenícios ou babilônios, por exemplo. Ainda prefiro dar o crédito para gregos e romanos.
De qualquer modo, o que podemos constatar é que a globalização é anterior ao momento atual e, mesmo em períodos da história desconsiderados como contextos nos quais tal fato poderia estar acontecendo há personagens e fatos que parecem contrariar esta linha de pensamento. Pensemos na Idade Média, chamada por alguns historiadores de Idade das Trevas, os mil anos de dormência nos quais mergulhou a Europa. Pois é neste contexto que ocorrem as Cruzadas e das cruzadas, surgem os Renascimentos Comercial e Urbano, há pessoas, produtos e idéias circulando, criando as bases para a Modernidade.
Durante a Idade Média, personagens como Marco Polo, o aventureiro veneziano que saiu da Itália e tomou o rumo do oriente, recriando a imagem das cidades com telhados de ouro que existiriam na Índia, China e Japão, e o filósofo e teólogo, elevado a santo da Igreja Católica, Tomás de Aquino, italiano nascido em Nápoles, que estudou teologia na Universidade de Colônia (Alemanha) e filosofia na Universidade de Paris, onde se tornou professor nas duas cadeiras, seriam ou não exemplos destes homens globalizados que superaram fronteiras e conheceram o mundo?
É fato, também, que a dinamização da economia ocorrida a partir do advento do industrialismo, nos séculos XVIII e XIX, proporcionou o surgimento de uma nova ordem mundial, na qual as inovações nas áreas de transporte e comunicação, ano após ano, década após década, construíram uma realidade na qual os homens cada vez mais podem e conseguem estar em diferentes lugares, seja por obra da telefonia, da internet ou de aviões, trens e automóveis, deslocando-se continuamente, de forma presencial ou a distância, a outros universos, diferentes daqueles de sua origem.
De qualquer modo, a globalização, como a concebemos e entendemos nos dias de hoje, ainda que suas origens históricas possam ser discutidas, é fenômeno diferenciado dos demais períodos e eventos mencionados por conta das possibilidades da tecnologia, dos interesses em discussão (sejam eles corporativos, governamentais, relacionados a projetos de ONGs ou mesmo individuais) e do mercado, ávido por novos negócios, investimentos, vendas, ganhos...
Nesse contexto, os peões que são movimentados no tabuleiro da globalização, sejam soldados ou oficiais graduados, que assumem causas, bandeiras, negociações, ideologias e tantas outros fatores que lhes fazem viajar constantemente, estão vivendo dentro de um contexto em que o ser humano parece ter se multiplicado para que todas as finalidades e objetivos aos quais está relacionado sejam atingidos. Seja, neste sentido, o preço qual for, o importante é que o mundo ficou plano, as distâncias praticamente desapareceram, os homens viraram (definitivamente) caixeiros-viajantes (expressão que as novas gerações provavelmente desconhecem) e tudo, por fim, parece ter se tornado secundário se comparado aos interesses que movem, na velocidade da luz, os negócios a serem fechados (mas isso é assunto para outras linhas).

domingo, 18 de abril de 2010

ENTREVISTA DO HISTORIADOR ERIC HOBSBAWN!

Reproduzo entrevista com o historiador britânico Eric Hobsbawn, um dos historiadores vivos de maior influência no mundo. Esta entrevista foi publicada originalmente na edição de janeiro/fevereiro da revista britânica “New Left Review”. E a tradução para o portuguÊs é de Clara Allain.
No Brasil a entrevista foi publicada no blog do Luís Nassif.

PERGUNTA – “Era dos Extremos” termina em 1991, com um panorama de avalanche global -o colapso das esperanças de avanços sociais da era de ouro [para Hobsbawm, 1949-73]. Quais são as mudanças mais importantes desde então?

ERIC HOBSBAWM – Vejo quatro mudanças principais. Primeiro, o deslocamento do centro econômico do mundo do Atlântico Norte para o sul e o leste da Ásia. Isso já estava começando no Japão nas décadas de 1970 e 80, mas a ascensão da China desde os anos 1990 vem fazendo uma diferença real.
Em segundo lugar, é claro, a crise mundial do capitalismo, que vínhamos prevendo, mas que, mesmo assim, levou muito tempo para ocorrer. Em terceiro, a derrota retumbante da tentativa dos EUA de exercer a hegemonia global solo a partir de 2001.
Em quarto lugar, a emergência de um novo bloco de países em desenvolvimento, como entidade política -os Brics [Brasil, Rússia, Índia e China]-, não tinha acontecido quando escrevi “Era dos Extremos”.
E, em quinto lugar, a erosão e o enfraquecimento sistemático da autoridade dos Estados: dos Estados nacionais no interior de seus territórios e, em grandes regiões do mundo, de qualquer tipo de autoridade de Estado efetiva. Isso se acelerou em um grau que eu não teria previsto.

PERGUNTA – O que mais o surpreendeu desde então?

HOBSBAWM – Nunca deixo de me espantar com a pura e simples insensatez do projeto neoconservador, que não apenas fez de conta que a América fosse o futuro, mas chegou a pensar que tivesse formulado uma estratégia e uma tática para alcançar esse objetivo. Pelo que consigo enxergar, ele não tinha uma estratégia coerente, em termos racionais.
Em segundo lugar -fato muito menor, mas significativo-, o ressurgimento da pirataria, algo que já tínhamos em grande medida esquecido; isso é novo.
E a terceira coisa, que é ainda mais local: a derrocada do Partido Comunista da Índia (Marxista) em Bengala Ocidental [no leste da Índia], algo que eu realmente não teria previsto.

PERGUNTA – O sr. visualiza uma recomposição política daquilo que foi no passado a classe trabalhadora?

HOBSBAWM – Não em sua forma tradicional. Marx [1818-83] acertou, sem dúvida, quando previu a formação de grandes partidos de classe em determinado estágio da industrialização. Mas esses partidos, quando foram bem-sucedidos, não operaram puramente como partidos da classe trabalhadora: se queriam estender-se para além de uma classe estreita, o faziam como partidos do povo, estruturados em torno de uma organização inventada pela classe trabalhadora e voltada a alcançar os objetivos dela.
Mesmo assim, havia limites à consciência de classe. No Reino Unido, o Partido Trabalhista nunca conquistou mais de 50% dos votos. O mesmo se aplica à Itália, onde o Partido Comunista era muito mais um partido do povo.
Na França, a esquerda era baseada sobre uma classe trabalhadora relativamente fraca, mas que conseguiu se reforçar como sucessora essencial da tradição revolucionária.
O declínio da classe operária manual na indústria parece, de fato, ter atingido seu estágio terminal.
Houve três outras mudanças negativas importantes. Uma delas, é claro, é a xenofobia -que, para a maior parte da classe trabalhadora é, nas palavras usadas certa vez por [August] Bebel, “o socialismo dos tolos”: proteja meu emprego contra pessoas que estão competindo comigo.
Em segundo lugar, boa parte da mão de obra e do trabalho nos setores que a administração pública britânica qualificava no passado como “graus menores e manipulativos” não é permanente, mas temporária. Assim, não é fácil enxergá-la como tendo potencial de ser organizada.
A terceira e mais importante mudança é, a meu ver, a divisão crescente gerada por um novo critério de classe: a saber, a aprovação em exames de escolas e universidades como critério de acesso a empregos. Pode-se dizer que se trata de uma meritocracia, mas ela é medida, institucionalizada e mediada por sistemas de ensino.
O que isso fez foi desviar a consciência de classe da oposição aos patrões para a oposição a representantes de alguma elite: intelectuais, elites liberais, pessoas que se erguem como superiores a nós.

PERGUNTA – Que comparações o sr. traçaria entre a crise atual e a Grande Depressão?

HOBSBAWM – [A crise de] 1929 não começou com os bancos -eles só caíram dois anos mais tarde. O que aconteceu, na verdade, foi que a Bolsa de Valores desencadeou uma queda na produção, com um índice muito mais alto de desemprego e um declínio real muito maior na produção do que havia ocorrido em qualquer momento até então.
A depressão atual levou mais tempo sendo preparada que a de 1929, que pegou quase todos de surpresa. Deveria ter sido claro desde cedo que o fundamentalismo neoliberal gerou uma instabilidade enorme nas operações do capitalismo. Até 2008, isso pareceu afetar apenas as áreas periféricas -a América Latina nos anos 1990 e no início da década de 2000; o Sudeste Asiático e a Rússia.
Parece-me que o verdadeiro indício de algo grave acontecendo deveria ter sido o colapso da Long-Term Capital Management [fundo de investimentos sediado nos EUA], em 1998, que provou como estava errado o modelo inteiro de crescimento. Mas o incidente não foi visto como tal. Paradoxalmente, a crise levou vários empresários e jornalistas a redescobrirem Karl Marx como alguém que tinha escrito algo interessante sobre uma economia globalizada moderna.
A economia mundial em 1929 era menos global do que é hoje. Isso exerceu algum efeito, é claro. A existência da União Soviética não exerceu efeito concreto sobre a Depressão, mas seu efeito ideológico foi enorme: significava que havia uma alternativa.
Desde os anos 1990, temos assistido à ascensão da China e das economias emergentes, fato que vem realmente exercendo um efeito concreto sobre a depressão atual, na medida em que esses países vêm ajudando a manter a economia mundial muito mais equilibrada do que ela estaria sem eles.

PERGUNTA – E o que dizer das consequências políticas?

HOBSBAWM – A Depressão de 1929 levou a um desvio avassalador para a direita, com a exceção notável da América do Norte, incluindo o México, e da Escandinávia.
O efeito da crise atual não é tão nítido. Podemos imaginar que grandes mudanças políticas devem ocorrer não apenas nos EUA ou no Ocidente, mas quase certamente na China.

PERGUNTA – O sr. antevê que a China continue a resistir ao declínio?

HOBSBAWM – Não há nenhuma razão em especial para prever que a China pare de crescer de uma hora para outra. A depressão causou um choque grave ao governo chinês, na medida em que paralisou muitas indústrias, temporariamente. Mas o país ainda se encontra nos estágios iniciais do desenvolvimento econômico, e há espaço enorme para expansão.
É claro que o país ainda enfrenta grandes problemas; sempre há pessoas que se perguntam se a China vai conseguir continuar unida. Mas acho que as razões reais e ideológicas para que as pessoas desejem que a China se mantenha unida continuam muito fortes.

PERGUNTA – Que avaliação o sr. faz da administração Obama?

HOBSBAWM – As pessoas ficaram tão satisfeitas com a eleição de um homem como ele, especialmente em um momento de crise, que pensaram que certamente seria um grande reformador, que faria o que Roosevelt [1933-45, responsável pelo New Deal, série de programas econômicos e sociais contra a Grande Depressão] fez.
Mas Obama não o fez. Ele começou mal. Se compararmos os primeiros cem dias de Roosevelt aos primeiros cem dias de Obama, o que salta à vista é a disposição de Roosevelt em aceitar assessores não oficiais, em experimentar algo novo, comparada à insistência de Obama em se conservar no centro. Acho que ele desperdiçou sua chance.

PERGUNTA – A solução de dois Estados, conforme visualizada no momento, é uma perspectiva digna de crédito para a Palestina?

HOBSBAWM – Pessoalmente, duvido que ela exista no momento. Seja qual for a solução possível, nada vai acontecer enquanto os americanos não decidirem mudar totalmente de posição e aplicar pressão sobre Israel.

PERGUNTA – Existem lugares do mundo nos quais o sr. acha que projetos positivos e progressistas ainda estejam vivos ou tenham chances de ser reativados?

HOBSBAWM – Na América Latina, com certeza, a política e o discurso público geral ainda são conduzidos nos velhos termos do iluminismo -liberais, socialistas, comunistas.
Esses são os lugares onde se encontram militaristas que falam como socialistas -que “são” socialistas. Encontram-se fenômenos como [o presidente] Lula, baseado em um movimento da classe trabalhadora, e [o presidente boliviano Evo] Morales.
Para onde isso vai levar é outra questão, mas a velha linguagem ainda pode ser falada, e os velhos modos políticos ainda estão disponíveis.
Não estou inteiramente certo quanto à América Central, embora existam indícios de um ligeiro “revival” da tradição da revolução no próprio México -não que isso vá muito longe, na medida em que o México já foi virtualmente integrado à economia americana.
É possível que projetos progressistas possam renascer na Índia, devido à força institucional da tradição secular de Nehru [que se tornou premiê após a independência do país, em 1947]. Mas isso não parece penetrar muito entre as massas.
Além disso, o legado dos velhos movimentos trabalhistas, socialistas e comunistas na Europa continua bastante forte.
Desconfio que, em algum momento, a herança do comunismo, por exemplo nos Bálcãs ou até mesmo em parte da Rússia, possa se manifestar de maneiras que não podemos prever. O que vai acontecer na China eu não sei. Mas não há dúvida de que eles [os chineses] estão pensando em termos diferentes, não em termos maoístas ou marxistas modificados.

PERGUNTA – O sr. sempre foi crítico do nacionalismo como força política. Também se manifestou contra violações de soberania nacional cometidas em nome de intervenções humanitárias. Após a falência do internacionalismo nascido do movimento trabalhista, que tipos são desejáveis hoje?

HOBSBAWM – Em primeiro lugar, o humanitarismo, o imperialismo dos direitos humanos, não tem muito a ver com internacionalismo. É indicativo ou de um imperialismo renascido, que encontra nele uma desculpa adequada para cometer violações de soberania de Estados -podem ser desculpas absolutamente sinceras-, ou então, o que é mais perigoso, é uma reafirmação da crença na superioridade permanente da região que dominou o planeta do século 16 até o final do século 20.
O internacionalismo, que é a alternativa ao nacionalismo, é uma coisa espinhosa. Ou é um slogan politicamente vazio, como foi, concretamente falando, no movimento trabalhista internacional -não queria dizer nada específico-, ou é uma maneira de assegurar uniformidade para organizações centralizadas e poderosas como a Igreja Católica ou a Internacional Comunista.
O internacionalismo significava que, como católico, você acreditava nos mesmos dogmas e participava das mesmas práticas, não importa quem você fosse ou onde vivesse. O mesmo acontecia, teoricamente, com os partidos comunistas. Não é realmente isso o que queríamos dizer com “internacionalismo”.
O Estado-nação foi e continua a ser o quadro em que são tomadas todas as decisões políticas, domésticas e externas. É possível que o islã missionário e fundamentalista constitua uma exceção a essa regra, abarcando Estados, mas isso ainda não foi demonstrado concretamente.

PERGUNTA – Há obstáculos inerentes a qualquer tentativa de extrapolar as fronteiras do Estado-nação?

HOBSBAWM – Economicamente e na maioria dos outros aspectos -inclusive culturalmente, até certo ponto-, a revolução das comunicações criou um mundo genuinamente internacional, no qual há poderes de decisão que se transnacionalizam, atividades que são transnacionais e, é claro, movimentos de ideias, comunicações e pessoas que são mais facilmente transnacionais do que antes.
Na política, contudo, não se vê nenhum sinal de que isso esteja acontecendo, e é essa a contradição básica no momento. Uma das razões pelas quais não vem acontecendo é que, no século 20, a política foi democratizada em grau muito grande -a massa da população comum se envolveu nela. Para essa massa, o Estado é essencial para suas operações cotidianas normais e para suas possibilidades de vida.
Tentativas de fragmentar o Estado internamente, pela descentralização, foram empreendidas, em sua maioria nos últimos 30 ou 40 anos, e algumas delas não deixaram de ter algum sucesso -na Alemanha, com certeza, a descentralização vem tendo alguma medida de sucesso e, na Itália, a regionalização vem sendo benéfica.
Mas as tentativas de criar Estados supranacionais não têm funcionado. A União Europeia é o exemplo mais óbvio disso.
Ela foi prejudicada, até certo ponto, pelo fato de seus fundadores terem pensado precisamente em termos de um Superestado análogo a um Estado nacional, apenas maior -sendo que essa não era uma possibilidade, creio, e hoje com certeza não é.

PERGUNTA – O nacionalismo foi uma das grandes forças motrizes da política no século 19 e em boa parte do século 20. Que o sr. diz da situação atual?

HOBSBAWM – Não há dúvida alguma de que o nacionalismo foi, em grande medida, parte do processo de formação dos Estados modernos, que exigiu uma forma de legitimação diferente da do Estado tradicional teocrático ou dinástico. A ideia original do nacionalismo era a criação de Estados maiores, e me parece que essa função unificadora e de expansão foi muito importante.
Um exemplo típico foi o da Revolução Francesa, na qual, em 1790, pessoas apareceram dizendo: “Não somos mais delfineses ou sulistas -somos todos franceses”.
Em uma etapa posterior, dos anos 1870 em diante, vemos movimentos de grupos no interior desses Estados impulsionando a criação de seus Estados independentes.
Era reconhecido, mesmo que não pelos próprios nacionalistas, que nenhum desses novos Estados-nações era, de fato, étnica ou linguisticamente homogêneo.
Mas, depois da Segunda Guerra [1939-45], os pontos fracos das situações existentes foram enfrentados, não apenas pelos vermelhos, mas por todos, pela criação proposital e forçada da homogeneidade étnica. Isso provocou uma quantidade enorme de sofrimento e crueldade e, no longo prazo, também não funcionou.
Não posso deixar de pensar que a função dos Estados separatistas pequenos, que se multiplicaram tremendamente desde 1945, mudou. Para começo de conversa, eles são reconhecidos como existentes.
Antes da Segunda Guerra, os Miniestados -como Andorra, Luxemburgo e todos os outros- nem sequer eram vistos como parte do sistema internacional, exceto pelos colecionadores de selos. A ideia de que tudo, até a Cidade do Vaticano, hoje é um Estado, potencialmente membro das Nações Unidas, é nova.
A função histórica de criar uma nação como Estado-nação deixou de ser a base do nacionalismo. Pode-se dizer que não é mais um slogan muito convincente.
Hoje, porém, o fator xenofóbico do nacionalismo é cada vez mais importante. Quanto mais a política foi democratizada, maior foi o potencial para isso. Trata-se de algo muito mais cultural que político -basta pensar na ascensão do nacionalismo inglês ou escocês nos últimos anos-, mas nem por isso menos perigoso.

PERGUNTA – O fascismo não incluía essas formas de xenofobia?

HOBSBAWM – O fascismo ainda foi, até certo ponto, parte da investida para criar nações maiores. Não há dúvida de que o fascismo italiano foi um grande passo à frente na conversão de calabreses e úmbrios em italianos; mesmo na Alemanha, foi apenas em 1934 que os alemães puderam ser definidos como alemães, e não alemães pelo fato de serem suábios, francos ou saxões.
É verdade que os fascismos alemão e europeu central e oriental foram acirradamente contrários a outsiders -judeus, em grande medida, mas não apenas eles.
E, é claro, o fascismo forneceu uma garantia menor contra os instintos xenofóbicos.

PERGUNTA – As dinâmicas separatistas e xenofóbicas do nacionalismo atuam hoje nas margens da política mundial?

HOBSBAWM – Sim, embora existam regiões em que o nacionalismo causou danos enormes, como no sudeste da Europa.
Ainda é verdade, é evidente, que o nacionalismo -ou o patriotismo, ou a identificação com um povo específico, que não precisa necessariamente ser definido por critérios étnicos- seja um enorme fator de legitimação dos governos.
Isso é claramente o caso na China. Um dos problemas da Índia, hoje, é que não existe nada exatamente assim por lá.

PERGUNTA – Como o sr. prevê a dinâmica social da imigração contemporânea hoje? Haverá a emergência gradual de outro caldeirão cultural na Europa, não dessemelhante ao americano?

HOBSBAWM – Mas o caldeirão cultural nos EUA deixou de sê-lo desde os anos 1960. Ademais, no final do século 20, a migração já era algo realmente muito diferente das migrações de períodos anteriores, em grande medida porque, ao emigrar, as pessoas já não rompem os vínculos com o passado no mesmo grau em que o faziam antes.
É possível continuar a ser guatemalteco mesmo vivendo nos EUA. Também há situações como as da UE, nas quais, concretamente, a imigração não gera a possibilidade de assimilação. Um polonês que vem para o Reino Unido não é visto como nada além de um polonês que vem trabalhar no país.
Isso é claramente novo e muito diferente da experiência de pessoas da minha geração, por exemplo -a geração dos emigrados políticos, não que eu tenha sido um-, na qual nossa família era britânica, porém culturalmente nunca deixávamos de ser austríacos ou alemães; mas, apesar disso, acreditávamos realmente que deveríamos ser ingleses.
Acredito realmente que é essencial conservar as regras básicas da assimilação -que os cidadãos de um país particular devem comportar-se de determinada maneira e gozar de determinados direitos, que esses comportamentos e direitos devem defini-los e que isso não deve ser enfraquecido por argumentos multiculturais.
A França integrou, apesar de tudo, mais ou menos tantos de seus imigrantes estrangeiros quanto os EUA, relativamente falando, e, mesmo assim, o relacionamento entre os locais e os ex-imigrantes é quase certamente melhor lá. Isso acontece porque os valores da República Francesa continuam a ser essencialmente igualitários e não fazem nenhuma concessão pública real.
Seja o que for que você faça no âmbito pessoal -era também esse o caso nos EUA no século 19-, publicamente esse é um país que fala francês. A dificuldade real não será tanto com os imigrantes quanto com os locais. É em lugares como Itália e Escandinávia, que não tinham tradições xenofóbicas prévias, que a nova imigração vem criando problemas sérios.

PERGUNTA – Hoje é amplamente disseminada a ideia de que a religião tenha retornado como força imensamente poderosa. O sr. vê isso como um fenômeno fundamental ou mais passageiro?

HOBSBAWM – Está claro que a religião -entendida como a ritualização da vida, a crença em espíritos ou entidades não materiais que influenciariam a vida e, o que não é menos importante, como um elo comum entre comunidades- está tão amplamente presente ao longo da história que seria um equívoco enxergá-la como fenômeno superficial ou que esteja destinado a desaparecer, pelo menos entre os pobres e fracos, que provavelmente sentem mais necessidade de seu consolo e também de suas potenciais explicações do porquê de as coisas serem como são.
Existem sistemas de governo, como o chinês, que não possuem concretamente qualquer coisa que corresponda ao que nós consideraríamos ser religião. Eles demonstram que isso é possível, mas acho que um dos erros do movimento socialista e comunista tradicional foi optar pela extirpação violenta da religião em épocas em que poderia ter sido melhor não o fazer.
É verdade que a religião deixou de ser a linguagem universal do discurso público; e, nessa medida, a secularização vem sendo um fenômeno global, embora apenas em algumas partes do mundo ela tenha enfraquecido gravemente a religião organizada.
Para as pessoas que continuam a ser religiosas, o fato de hoje existirem duas linguagens do discurso religioso gera uma espécie de esquizofrenia, algo que pode ser visto com bastante frequência entre, por exemplo, os judeus fundamentalistas na Cisjordânia -eles acreditam em algo que é evidentemente tolice, mas trabalham como especialistas nisso.
O declínio das ideologias do iluminismo deixou um espaço político muito maior para a política religiosa e as versões religiosas de nacionalismo. Mas muitas religiões estão claramente em declínio.
O catolicismo está lutando arduamente, mesmo na América Latina, contra a ascensão de seitas evangélicas protestantes, e tenho certeza de que está se mantendo na África apenas graças a concessões aos hábitos e costumes sociais que eu duvido que tivessem sido feitas no século 19.
As seitas evangélicas protestantes estão em ascensão, mas não está claro até que ponto são mais que uma minoria entre os setores sociais com mobilidade ascendente, como era o caso antigamente com os não conformistas na Inglaterra.
A única exceção é o islã, que vem continuando a se expandir sem nenhuma atividade missionária efetiva nos últimos dois séculos.
Parece-me que o islã possui grandes trunfos que favorecem sua expansão contínua -em grande medida, porque confere às pessoas pobres o sentimento de que valem tanto quanto todas as outras e que todos os muçulmanos são iguais.

PERGUNTA – Não se poderia dizer o mesmo do cristianismo?

HOBSBAWM – Mas um cristão não crê que vale tanto quanto qualquer outro cristão. Duvido que os cristãos negros acreditem que valham tanto quanto os colonizadores cristãos, enquanto alguns muçulmanos negros acreditam nisso, sim. A estrutura do islã é mais igualitária, e o elemento militante é mais forte no islã.
Recordo-me de ter lido que os mercadores de escravos no Brasil deixaram de importar escravos muçulmanos porque eles insistiam em rebelar-se sempre. Esse apelo encerra perigos consideráveis -em certa medida, o islã deixa os pobres menos receptivos a outros apelos por igualdade.
Os progressistas no mundo muçulmano sabiam desde o início que não haveria maneira de afastar as massas do islã; mesmo na Turquia, tiveram que encontrar alguma forma de convivência -aliás, esse foi provavelmente o único lugar onde isso foi feito com êxito.

PERGUNTA – A ciência foi uma parte central da cultura da esquerda antes da Segunda Guerra. O sr. acha que o destaque crescente das questões ambientais deverá reaproximar a ciência da política radical?

HOBSBAWM – Tenho certeza de que os movimentos radicais vão se interessar pela ciência. O ambiente e outras preocupações geram razões fundamentadas para combater a fuga da ciência e da abordagem racional aos problemas, fuga que se tornou bastante ampla a partir dos anos 1970 e 80. Mas, com relação aos próprios cientistas, não creio que isso vá acontecer.
Diferentemente dos cientistas sociais, não há nada que leve os cientistas naturais a se aproximarem da política. Historicamente falando, eles, na maioria dos casos, têm sido apolíticos ou seguiram a política padrão de sua classe.

PERGUNTA – Em “Tempos Interessantes” [publicado em 2002], o sr. expressou reservas ao que eram, na época, modismos históricos recentes. O sr. acha que o cenário historiográfico continua relativamente inalterado?

HOBSBAWM – Minha geração de historiadores, que de modo geral transformou o ensino da história, além de muitas outras coisas, procurou essencialmente estabelecer um vínculo permanente, uma fertilização mútua, entre a história e as ciências sociais; era um esforço que datava dos anos 1890.
A disciplina econômica seguiu uma trajetória diferente. Dávamos como certo que estávamos falando de algo real: de realidades objetivas, embora, desde Marx e a sociologia do conhecimento, soubéssemos que as pessoas não registram a verdade simplesmente como ela é.
Mas o que era realmente interessante eram as transformações sociais. A Grande Depressão foi instrumental nesse aspecto, porque reapresentou o papel exercido por grandes crises nas transformações históricas -a crise do século 14, a transição ao capitalismo.
Éramos um grupo que procurava resolver problemas, que se preocupava com as grandes questões. Havia outras coisas cuja importância diminuíamos: éramos tão contrários à história tradicionalista, à história dos governantes e figuras importantes, ou mesmo à história das ideias, que rejeitávamos isso tudo.
Em algum momento da década de 1970, ocorreu uma mudança acentuada. Em 1979-80 a [revista de história] “Past & Present” publicou uma troca de ideias entre Lawrence Stone e mim sobre o “revival da narrativa” -”o que está acontecendo com as grandes perguntas “por quê’?”.
Os historiadores oriundos de 1968 não se interessavam mais pelas grandes perguntas -pensavam que todas já tinham sido respondidas. Estavam muito mais interessados nos aspectos voluntários ou pessoais. O [periódico] “History Workshop” foi um desenvolvimento tardio desse tipo.
Por outro lado, houve alguns avanços positivos. O mais positivo destes foi a história cultural, que todos nós, inegavelmente, tínhamos deixado de lado. Não prestamos atenção suficiente à história do modo como ela de fato se apresenta a seus atores.

PERGUNTA – Se o sr. tivesse que escolher tópicos ou campos ainda inexplorados e que representam desafios importantes para historiadores futuros, quais seriam?

HOBSBAWM – O grande problema é um problema muito geral. Segundo padrões paleontológicos, a espécie humana transformou sua existência com velocidade espantosa, mas o ritmo das transformações tem variado tremendamente.
Os marxistas focaram, com razão, as transformações no modo de produção e em suas relações sociais como sendo geradoras de transformações históricas.
Contudo, se pensarmos em termos de como “os homens fazem sua própria história”, a grande questão é a seguinte: historicamente, comunidades e sistemas sociais buscaram a estabilização e a reprodução, criando mecanismos para prevenir-se contra saltos perturbadores no desconhecido. Como, então, humanos e sociedades estruturados para resistir a transformações dinâmicas se adaptam a um modo de produção cuja essência é o desenvolvimento dinâmico interminável e imprevisível?
Os historiadores marxistas poderiam beneficiar-se da pesquisa das operações dessa contradição fundamental entre os mecanismos que promovem transformações e aqueles que são voltados a opor resistência a elas.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

TOLERÂNCIA SEGUNDO JOHN LOCKE.


Uma Igreja é uma sociedade de membros voluntariamente ligados para um fim comum, que está voltado para questões da alma. Por outro lado, nenhuma Igreja é obrigada pelo dever da tolerância a manter em seu seio qualquer pessoa que, depois de continuadas admoestações, ofenda obstinadamente as leis desta sociedade.
A partir dessas idéias, John Locke, filósofo inglês, defende a liberdade religiosa em amplo sentido, e propõe a separação total dos poderes religioso e político. Locke considerava que as guerras, torturas e execuções, em nome da religião, eram na verdade culpa da intervenção das crenças religiosas na política.
Locke entende que a comunidade (Estado) é “uma sociedade de homens, constituída somente para que estes obtenham, preservem e aumentem seus próprios interesses civis. Por interesse civil, ele entendia a vida, a liberdade e a salva-guarda do corpo e a posse de bens externos”. Portanto, o Estado tem como dever garantir a cada indivíduo esses direitos. As questões ligadas à fé não são de responsabilidade do Estado. Todo o poder do Estado relaciona-se apenas com os interesses civis.
Muitos confundem tolerância com aceitação. Não é bem isso. Locke defende a tolerância com base no principio grego da indiferença, ou seja, não se faz necessário aceitar como legítima ou verdadeira a crença alheia, bastando tolerar os diferentes cultos. Os diferentes grupos devem se tolerar mutuamente.
Assim como a religião não deve invadir o campo do Estado, o Estado não deve invadir o campo religioso. Sendo dever do Estado Laico (não religioso/sem uma religião oficial de Estado) garantir a liberdade de crença e culto.

terça-feira, 13 de abril de 2010

MUDANÇAS CAPITALISTAS.

Texto adaptado de Eric Hobsbawn, "A Era do Capital", usado na aula do 9º ano da Escola Virgílio Rosas.

A economia capitalista mudou de 4 formas significativas entre o fim do século XIX e início do século XX:
Em primeiro lugar, entramos em uma nova era tecnológica, uma era de novas fontes de poder (eletricidade e petróleo, turbinas e motor a explosão), de nova maquinaria baseada em novos materiais (ferras, ligas, metais não ferrosos), de indústrias baseadas em novas ciências, tais como a indístria em expansão da química orgânica.
Em segundo lugar, entramos também cada vez mais na economia de mercado de consumo doméstico, iniciada nos Estados Unidos desenvolvida (na Europa ainda modestamente) pela crescente renda das massas, mas sobretudo pelo enorme aumento da população dos países desenvolvidos. De 1870 a 1910, a população da Europa cresceu de 290 para 435 milhões, a dos Estados Unidos, de 38,5 milhões para 92 milhões.
Em terceiro lugar, havia uma competição internacional entre economias industriais nacionais rivais - a inglesa, a alemã, a norte-americana. Essa competição levava à concentração econômica ao controle de mercado e à manipulação.
Por fim, o mundo entrou no período do imperialismo. As potências passaram a dividir o globo para realizar seus próprios negócios. As novas industrias precisavam de matérias-primas que não existiam nos países desenvolvidos: petróleo, borracha, metais não-ferrosos. A nova economia precisava de quantidades crescentes de matérias-primas produzidas nos países subdesenvolvidos. Essa divisão global entre entre áreas desenvolvidas, embora não fosse nova, começou a tomar uma forma moderna e durou até a década de 1930.

sábado, 10 de abril de 2010

CRISTOVÃO COLOMBO E O PENSAMENTO RENASCENTISTA


Nesta semana estou introduzindo o assunto Renascimento Científico e Cultural nos sétimos anos da Escola Virgílio Rosas, e é sempre muito difícil provocar nos estudantes a sensação de pensar de forma próxima aos homens pré-renascimento. Para introduzir o assunto eu sempre procuro ressaltar alguns aspectos do pensamento medieval, em especial a questão do formato do planeta, se a Terra se move ou se ela está no centro do universo. É sempre um desafio, pois ao perguntar para as salas se a Terra é mesmo redonda, eu sempre escuto: “É claro professor, já vi fotos de satélite. Os astronautas que viram a Terra nas viagens pra Lua falam que é.” Até aí, normal, porque realmente nossa realidade hoje nos prova que a Terra é realmente esférica, e essas informações são facilmente comprovadas. Mas depois eu pergunto, e se nós não tivéssemos nem os satélites e nem as viagens espaciais, saberíamos dizer se a Terra é realmente esférica? Nesta hora a resposta dos alunos, normalmente, é o silêncio.
Então, eu entro com uma história sobre Cristovão Colombo, que eu considero ótima para exemplificar o contraponto entre o pensamento medieval e o renascentista, pois a partir de uma atividade simples de observação, ele desconstrói o pensamento medieval de que a Terra seria plana. Ao observar as embarcações partindo da praia, Colombo percebe que depois de determinado tempo elas desaparecem no horizonte. Ao fazer uso de uma luneta, ou outro instrumento que amplie o poder de alcance da visão, as embarcações também desaparecem no horizonte. Mesmo usando instrumentos com potente poder de alcance, as embarcações desaparecem da visão. Ele concluiu que mesmo tendo um poder de longo alcance, não adiantaria observar as embarcações, pois elas sumiriam mesmo, isso porque, não é a limitação da visão que faz com que as embarcações desaparecem, e sim por que a Terra não é plana, e sim curva, porque as embarcações não desaparecem de uma só vez, mas sim progressivamente, de baixo para cima, como se elas tivessem descendo uma ladeira, e sendo observada por alguém do alto desta mesma ladeira.
Oi ao chegar a esta conclusão, que Cristovão Colombo formulou sua teoria de que ao navegar sempre na mesma direção, se não encontrasse nenhuma barreira pela frente, se daria à volta no planeta e voltaria para o ponto de partida. Um gênio, mesmo sem observar o planeta de fora, ele consegue chegar a esta conclusão, que ninguém ainda contestou. A Terra realmente não é plana, e sim esférica.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Vídeos: Revolução Industrial, Globalização e Revolução das Mídias Sociais.












Hoje, a aula do 9º ano, da Escola Virgílio Rosas, foi na sala de vídeo, onde projetamos curtas sobre os assuntos das últimas aulas.
O primeiro vídeo fala da Revoluçao Industrial, que antecede todos os temas das aulas de História nesse início de ano. A importância do processo de industrialização é condição tanto para as unificações de Itália e de Alemanha, quanto para a expansão imperialista do fim do século XIX e do iníco do século XX, que levaram as duas Guerras Mundiais. O importante, sobre a Revolução Industrial, e que o vídeo nos ajuda a compreender é a evolução da tecnologia, que se inicia a sim que o homem surge no planeta, ainda no Paleolítico Inferior, quando o homem passa a construir suas ferramentas com pedra lascada e ossos de animais. A Era Moderna inicia um novo conceito de tecnologia, com o processo de industrialização da produção de mercadoriais. A partir do uso de fontes de energia o homem substitui a força humana ou animal pela força motriz (gerada a partir dos recursos naturais). Primeiro a humanidade passa a utilizar o carvão para mover as máquinas à vapor, mas é com a segunda Revolução Industrial, com o uso do Petróleo como fonte de energia, que esse processo de mecanização da produção se espalha pelo planeta. A partir destas duas tecnologias, máquinas à vapor e motores a combustão (energia à partir do petróleo) desenvolveu-se os transportes de massa e de grande velocidade, que facilitaram o processo de integração global, tanto das economias como da cultura e informação.
A partir dessa integração comercial e cultural intensifica-se o que se chama de GLOBALIZAÇÃO, processo que se inicia desde o fim do Feudalismo, com o processo das Cruzadas, mas que vai ganhar a forma como conhecemos hoje a partir da segunda Revolução Industrial que provoca uma nova onde de colonização, que conhecemos como Expansão Imperialista do século XIX. Essa Globalização, ainda em curso, é o processo de aculturação das nações mundiais, na medida em que os países mais ricos passam a impor sua cultura sobre os países mais pobres. Essa imposição está presente na medida em que achamos que devemos consumir as mesmas informações, produtos e elementos culturais aqui no Brasil, nos EUA, na Europa, na China, na Índia ou em qualquer país da África, a partir da imposição das marcas mundiais (multinacionais).
Ligados econômica e culturalmente, as nações mundiais se tornam reféns uma das outros e quando uma delas deixa de interagir com as outras (crises econômicas locais) esse corte no ciclo mundial transforma um problema regional em uma crise mundial, vide a última crise mundial, com origem nos EUA, que devido a um problema econômico interno, deixou de consumir produtos do mercado internacional, levando a crise norteamericana para os outros países integrados ao sistema mundial, conhecido como Globalização.
Esse sistema Globalizado, segundo alguns críticos, serve apenas aos interesses das grandes coorporações econômicas mundiais, que se apropriaram desse processo de Globalização cultural do planeta para imporem à todos os países as suas marcas e produtos. Esse processo intensifica uma divisão social e econômica, dividindo a população mundial em pobres e ricos. As nações que rejeitam integrar esse modelo de integração global acabam sendo forçadas a se "globalizarem" a partir das intervenções militares dos países ricos ou dos próprios orgãos multinacionais, como a ONU (Organização das Nações Unidas), que encontram alguma brecha política para justificarem sua invasão militar. É assim, por exemplo, no Iraque e no Afeganistão de hoje, que estão ocupados pelas nações ricas, com boinas azuis da ONU, com a justificativa de levar à esses países a democracia e a civilização. Essas interverções militares não respeitam os direitos das nações de não participarem do sistema global.
Por fim, o último vídeo, mostra a suposta nova moda social, que é a interação entre as pessoas a partir de relacionamentos virtuais, a partir do que se convencionou chamar de Redes Sociais (Orkut, Twitter, Facebook, etc). A conclusão a que se chega ao assistir o vídeo, é que isso não é um modismo, mas sim o início de uma nova forma de vida, uma revolução nas relações sociais, que se davam a partir de relacionamentos presenciais (fisícos) e agora acontecem virtualmente. O vídeo insiste em dizer que nos dias de hoje se exige cada vez mais a presença digital das pessoasem todas as áreas da vida, inclusive na economia, que passa a ser guiada, tambpem, a partir da virtualização da sociedade. Ele chama esse processo de Socioeconomia, onde as relações comerciais se deram dentro das redes sociais virtuais.
A intenção de passar esses vídeos todos juntos, é mostrar que tanto a Revolução Industrial, quanto a integração mundial conhecida como Globalização e, agora, a Revolução das Mídias Sociais Virtuais são parte do mesmo processo, que ainda está em andamento, e que está mudando a forma de vida das pessoas de todas as partes do planeta.

VISITAS

Contador de visitas